quinta-feira, 19 de junho de 2008

Seção: copy+Paste!: direitos

1 - Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem.
3 - Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve nunca ser abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimes contra os animais.
9 - Os diretos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.
Preâmbulo:
Considerando que todo o animal possui direitos;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo desses direitos têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza;
Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo;
Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de continuar a perpetrar outros;
Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante;
Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais,
Proclama-se o seguinte:
Artigo 1º
Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.
Artigo 2º
1.Todo o animal tem o direito a ser respeitado.
2.O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais
3.Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem.
Artigo 3º
1.Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. 2.Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia.
Artigo 4º
1.Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.
2.toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito.
Artigo 5º
1.Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
2.Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito.
Artigo 6º
1.Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural.
2.O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.
Artigo 7º
Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso.
Artigo 8º
1.A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.
2.As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas.
Artigo 9º
Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor.
Artigo 10º
1.Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem.
2.As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.
Artigo 11º
Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.
Artigo 12º
1.Todo o ato que implique a morte de grande um número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.
2.A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.
Artigo 13º
1.O animal morto deve de ser tratado com respeito.
2.As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal.
Artigo 14º
1.Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental.
2.Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem.

seção: copy+paste! Frases: livros


"O sucesso de muitos livros deve-se à afinidade entre a mediocridade das idéias do escritor e as do público" (Nicolas Chamfort)

"Um país se faz com homens e livros" (Monteiro Lobato)

"Como os santuários e os outros locais de encontros sagrados, as livrarias são artefatos essenciais à natureza humana" (Jason Epstein)

"Organizar bibliotecas é exercer, de modo silencioso, a arte da crítica" (Jorge Luis Borges)

"Um livro pode ser o machado que quebra o mar gelado em nós" (Franz Kafka)

"Agora livro meu, vai, vai para onde o acaso te leve." (Paul Verlaine)

"Um livro é uma janela pela qual nos evadimos." (Julien Green)

"Quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma." (Fernando Pessoa)

"Se um livro é mau, nada o pode desculpar; sendo bom, nem todos os reis o conseguem esmagar." (Voltaire)

"Uns livros lêem-se na cozinha, outros no salão. Um livro verdadeiramente bom, lê-se em toda parte." (Thomas C. Haliburton)

"A literatura é sempre uma expedição à verdade" (Franz Kafka)

"A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil e o escrever dá-lhe precisão" (Francis Bacon)

"Para escrever só existem duas regras: ter algo a dizer e dizê-lo" (Oscar Wilde)

"Um verdadeiro escritor escreve pela fatalidade que leva o pinto a quebrar a bicadas a casca de um ovo..." (Érico Veríssimo)

"Escrevo porque não sou feliz. É uma maneira de lutar contra a infelicidade..." (Mario Vargas Llosa)

"Se ao lado da biblioteca houver um jardim, nada faltará." Marcus Tullius (Cicero)

"Ler é pensar com a cabeça dos outros." (Arthur Schopenhauer)

"O livro é lido para eternizar a memória." (Jorge Luis Borges)

"Um bom livro é aquele que se abre com expectativa e se fecha com proveito." (Louisa May Alcott)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Câmera Digital de Mineiro

Um mineiro comprou uma câmera digital e levou para seu sítio.
Chegando lá, mostrou aquela novidade para todos.
Nunca ninguém tinha visto algo igual e ele diz:
- 'Pessoar, todo mundo pra-per-da-cerca-di-arami farpado ali, pra-modi-quê vô tirá umas foto docêis'.
Ele então programou o temporizador e correu pra junto de todos.
Nessa, quando os outros o viram correr na direção deles, saíram correndo, atravessando acerca de arame farpado, rasgando-se todos.
Então ele pergunta: - 'O qué qui aconteceu, uai?'
E sua tia, com as duas orelhas penduradas, respondeu:
- 'Se ocê qui cunhece esse trem ficou cum medo, imagina nóis qui num cunhece'.

Não me pertence mais!

'3HORS' Óleo sobre tela: 20X40

domingo, 15 de junho de 2008

Pegadinhas de nosso idioma...

De: Presidente/ Para: Diretor
Na próxima segunda-feira, aproximadamente às 20:00 horas, o cometa Halley passará por aqui. Trata-se de um evento que ocorre somente a cada 76 anos.Peço que os funcionários sejam reunidos no pátio da fábrica, todos usando Capacetes de segurança, e eu explicarei o fenômeno a eles. Se estiver chovendo, não poderemos ver o raro espetáculo a olho nu, e todos deverão se dirigir ao refeitório onde será exibido um filme documentário Sobre o cometa Halley.
========================
De: Diretor/Para: Gerentes
Por ordem do Presidente, na sexta-feira às 20:00 horas, o cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica.Se chover, os funcionários deverão ser reunidos, todos com capacete De segurança, e encaminhados ao refeitório, onde o raro fenômeno aparecerá, o que acontece a cada 76 anos a olho nu.
========================
De: Gerentes/ Para: Chefe de Produção
A convite do nosso querido Diretor o cientista Halley de 76 anos, vai aparecer nu no refeitório da fábrica, usando capacete, pois vai ser Apresentado um filme sobre o problema da chuva na segurança. O Diretor levará a demonstração para o pátio da fábrica.
=======================
De: Chefe de Produção/Para: Supervisor de Turnos
Na sexta-feira às 20:00 horas, o Diretor, pela primeira vez em 76 Anos, vai aparecer nu no refeitório da fábrica para filmar o Halley, o cientista famoso e sua equipe. Todo mundo deverá estar de capacete, Pois vai ser apresentado um show sobre a segurança na chuva. O Diretor levará a banda para o pátio da fábrica.
=======================
De: Supervisor de Turnos/Para: Escriba do Aviso
Todo mundo nu, sem exceção, deve estar no pátio da fábrica, na próxima sexta-feira, às 20:00 horas, pois o presidente e o Sr. Halley, guitarrista famoso, estarão lá para mostrar o raro filme 'Dançando na Chuva'. Todo mundo no refeitório de capacete.
========================
Do escriba de Aviso em Aviso para todos:
Na sexta-feira, o chefe vai fazer 76 anos e liberou geral para a Festa às 20:00 no refeitório. Vão estar lá, pagos pelo manda-chuva, 'Bill Halley e seus Cometas'.O chefe quer todo mundo nu e de capacete, pois a banda é muito louca e o rock vai rolar solto, mesmo com chuva.

Recém lançado: literatura


Fantasma Sai de Cena, de Philip Roth, fala de velhice e da proximidade da morte

Daniel Galera

Mais ou menos na metade de Fantasma Sai de Cena há uma passagem antológica, um parágrafo que pode ser visto como eixo para todo o romance. Nele, Philip Roth refere-se à ficção literária como uma amplificação efêmera do quociente de dor que nos cabe na vida, porém observa: 'Para umas poucas , muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante.'

Vinda de um autor grandioso com a obra alicerçada em alter egos, a declaração de que a ficção importa mais que a vida é difícil de ser ignorada, sobretudo quando quem a enuncia é Nathan Zuckerman, o maior 'outro eu' de Roth, que, supostamente, se despede para sempre nesse volume.

O livro não se resume, é claro, a essa defesa do valor intrínseco da ficção. Numa narrativa sucinta e vigorosa, ressurgem aqui diversos temas caros ao autor, como a proximidade da morte, os reflexos da situação política e histórica na vida privada dos americanos e, sobretudo, o combate das paixões - acima de todas o desejo sexual - com as forças superiores que tentam abafá-las. A partir do esplêndido O Teatro de Sabbath (1995), seus protagonistas cerceados pela religião, pelos vínculos familiares, pela moral e pelos bons costumes ganharam um novo oponente, certamente o mais implacável de todos: a velhice.

A satisfação dos desejos, por mais transitória e ambígua que fosse, ainda era a desforra de personagens idosos como Mickey Sabbath, o Coleman Silk de A Marca Humana (2000) e o David Kepesh de O Animal Agonizante (2001). Para o Zuckerman de Fantasma Sai de Cena, porém, o cerco se fecha: a extração de uma próstata cancerosa o deixou não apenas incontinente, mas também impotente.

Não é indispensável conhecer as peripécias anteriores de Zuckerman para entender o que se passa no novo livro, mas há vínculos importantes, em especial com The Ghost Writer (no Brasil, Diário de Uma Ilusão), de 1979, no qual o personagem, então com 23 anos, se encontra com E. I. Lonoff, um escritor capaz de renunciar a tudo em nome da literatura. Zuckerman cobiça não apenas a disciplina de seu ídolo, mas também sua jovem amante, Amy Bellette.

Em Zuckerman Unbound (1981), nosso herói conhece as amargas conseqüências do sucesso repentino de seu romance Carnovsky (como ocorreu com Roth e seu O Complexo de Portnoy, de 1969). É um homem acuado, ignorando os leitores que 'confundiam faz-de-conta com confissão e gritavam na rua para um personagem que vivia dentro de um livro'.

Fantasma Sai de Cena se passa em 2004 e nos apresenta Zuckerman aos 71 anos. Após um auto-exílio de 11 anos num lugarejo nas montanhas, o consagrado escritor retorna a Nova York para um tratamento contra incontinência urinária. Tendo passado mais de uma década isolado sem celular, computador, televisão e jornais, livre da 'tirania de sua intensidade emocional', ele rapidamente se vê 'de volta ao drama, ao momento, ao turbilhão dos acontecimentos'. Primeiro, avista Amy Bellette numa lanchonete, ostentando na cabeça raspada a cicatriz de uma cirurgia. Depois, vê nos classificados de uma revista um anúncio assinado por dois jovens escritores propondo trocar seu apartamento em Manhattan por um refúgio rural. Por impulso, telefona para o casal e aceita a troca. E assim Zuckerman conhece Jamie Logan.

Assim que vê Jamie, Zuckerman fica enfeitiçado. A simples presença da linda moça de 30 e poucos anos no mesmo recinto exerce um efeito devastador. Mas ele já não é um 'homem inteiro'. É um velho impotente que usa fraldas e não sabe quem é Tom Cruise. Para piorar, vê-se perseguido por um ex-namorado de Jamie, o impetuoso Richard Kliman, que pretende escrever a biografia de Lonoff e revelar um segredo escabroso sobre a vida pessoal do autor falecido. Zuckerman decide impedi-lo a qualquer custo, não apenas para honrar a memória de seu ídolo e proteger Amy, mas também porque Richard representa a virilidade e a juventude perdidas. Agora Zuckerman sabe que é tarde demais para retornar ao seu refúgio. O tumulto das paixões o engoliu de novo.

É impressionante a velocidade com que Roth arma esse tabuleiro e aproxima suas peças. Por um lado, esse romance é um testemunho sobre a tragédia da velhice, da oposição entre a decadência física e os impulsos primitivos que se recusam a ceder - tema que o autor tem enfrentado com sinceridade e obstinação exemplares. Por outro, o desespero de seu protagonista é o gancho para tratar de outro assunto, as relações entre a vida e a ficção.

Zuckerman não ousa tocar em Jamie, mas, depois de passar a noite no apartamento do jovem casal democrata acompanhando a vitória de Bush nas urnas, ele retorna ao hotel e escreve um diálogo intitulado 'Ele e ela', a dupla que, de acordo com Chekhov, era o centro de gravidade de qualquer conto. Nathan e Jamie. Transformados num hábito, esses diálogos de alta voltagem erótica são a saída que Zuckerman encontra para sublimar suas aspirações. 'As conversas que não tive com ela me emocionam mais do que as conversas que tivemos de fato.' É apenas na ficção que ele confessa já tê-la visto 10 anos antes num almoço, que fala do 'prazer devastador' que sente em sua presença. 'Quero morrer de ciúme', ele pede. 'Me fale sobre todos os homens que você já teve.' É o mesmo artifício que usara com Amy Bellette décadas antes, na casa de Lonoff, quando, para aplacar o desejo e a culpa, imaginara que a moça era, na verdade, Anne Frank.

Em paralelo, Zuckerman discute com Richard a validade de uma biografia de Lonoff. Para Richard, é a chance de dar a um gênio esquecido a visibilidade que merece. Para o alter ego de Roth, uma biografia é uma 'segunda morte'. Ele argumenta que julgar a ficção de um autor com base em suposições sobre sua biografia é uma 'mentira que é só mentira', ao passo que a ficção é a 'mentira que revela a verdade'. Como os diálogos imaginários que trava com Jamie na solidão de seu quarto de hotel.

São vários os gritos de desespero de Zuckerman ao longo do romance, mas um deles o percorre por completo e o extrapola: é o grito em defesa da supremacia da imaginação sobre a realidade. Acreditar na fábula literária, deixar-se afetar por seu encadeamento de mentiras que revelam verdades, depende de um acordo tácito entre autor e leitor, um acordo sobre o qual não se fala sob pena de desmanchar o encanto. Roth é um especialista no assunto, e com Fantasma Sai de Cena ele investe contra leitores, críticos e qualquer um interessado em desmanchar a mágica da ficção. Se não por outro motivo, simplesmente porque para alguns poucos, não importa a causa de seu atrito com o mundo, a literatura segue sendo 'a vida cujo significado acaba sendo mais importante'.

Daniel Galera, escritor, é autor de Mãos de Cavalo, entre outros

(SERVIÇO)Fantasma Sai de Cena, Philip Roth, Tradução de Paulo Henriques Britto
Cia das Letras, 282 págs., R$ 42