sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
O espelho
Foto e crédito, postado por João Paulo, de Portugal
A arte de Pino Daeni
Pino Daeni (nascido Giuseppe Dangelico) é conhecido por sua excepcional capacidade de captar movimentos e expressões - um talento que lhe proporcionou referências elogiosas à escala mundial.
A calorosa e emocionante técnica de Pino, a riqueza das cores e a sutileza e suavidade da sua abordagem são as razões pelas quais seu trabalho é procurado por colecionadores de todo o mundo.
Pino, atualmente, mora em Nova Jersey com a mulher e filhos.
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O Espelho de Oxum
*Um Objeto Singular*
Por Marcelo Bolshaw Gomes
Conta a lenda que, em um tempo imemorial, o rei Xangô, orixá escolhido por Oxalá para governar a terra e os outros deuses, tinha diversas esposas.
As duas mais importantes eram Yansã, a Senhora das Tempestades, e Oxum, cujo domínio se estendia pelos rios, lagos e cachoeiras.
Certo dia, enciumada da preferência de Xangô pela sua adversária; Yansã decidiu vingar-se de Oxum e, em um raio intempestivo de cólera, investiu contra a mãe das águas doces, quando esta se banhava nua às margens de um grande lago, tendo apenas um espelho entre as mãos. Devido ao fato de não ser uma guerreira, mas uma mulher dócil e vaidosa, afeita apenas aos expedientes da Sedução e da Dissimulação para se defender; Oxum viu-se completamente indefesa frente à ira arrebatadora da Rainha dos Raios. Oxum, então, rezou a Oxalá e, em um instante mágico, percebeu que o Sol brilhava forte nas costas de sua agressora. Rapidamente, ela utilizou seu espelho para refletir os raios solares de forma a cegar Yansã.
Ao saber da vitória de Oxum, o rei Xangô reafirmou sua preferência pela Senhora das Águas, que além de mais bela e delicada, provou ser também mais poderosa que a Senhora das tempestades.
Das inúmeras narrativas onde este fascínio se manifesta escolhemos o mito nagô do Espelho de Oxum, originariamente recolhida por Pierre Verger na África, pois ele apresenta vários elementos simbólicos importantes para caracterizar o *funcionamento arquetípico *dos mitos que constituem o dispositivo especular e sua estratégia epistemológica. Antes, porém, de analisar os diversos aspectos simbólicos desta lenda mítica, vamos estudar como o tema do espelho se manifesta em outras narrativas de diferentes culturas, procurando identificar suas relações com um arquétipo único, que possa esclarecer o papel universal que o Espelho desempenha na lenda nagô. *
*No Universo dos deuses nagôs *
A narrativa começa dizendo que Oxalá, 'em um tempo imemoriável', delegara o governo da terra e dos deuses a Xangô, se comportando como um 'deus oticius' ou uraniano, que cria o mundo e o entrega à administração de um de seus filhos, deuses menores. Por uma feliz coincidência, este conceito de 'Deus-pai' existente 'para além dos céus' foi estabelecido por Mircea Eliade justamente estudando a cultura Iorubá, onde Olorum se retira entregando todo poder a Obatalá.
Em nossa estória, temos uma luta, não entre duas mulheres, mas entre dois destes aspectos femininos da natureza: Yansã, Rainha dos Raios, dos Ventos e das Tempestades, senhora dos eguns e do mundo dos mortos; e Oxum, Mãe das Águas Doces e senhora do jogo de adivinhação do Ifá. Oxum também é uma deusa do amor e da beleza, uma 'Afrodite nagô'.
Os temperamentos das deusas são bastante opostos. Oxum exemplifica a mulher aparentemente submissa e dócil, mas, na verdade, sedutora e dissimulada. Yansã, ao contrário, encarna o ideal de uma mulher independente e sincera, mas de gênio irascível. É também a orixá feminina que tem mais relacionamentos amorosos com outros deuses, característica que, no entanto, não a fez menos ciumenta e possessiva. A Senhora das Águas nada podia contra a força dos ventos. Oxum não poderia se valer de suas armas habituais, a sedução e a mentira, mas para invocar o poder solar de Oxalá (o self), ela teve que transcender sua condição narcista e reflexiva. A superação desta vaidade inicial do espelho é que permite a Oxum usá-lo como uma arma real e não como um 'instrumento psicanalítico' feito o herói Kadmo diante da medusa. E este é um ponto chave desta lenda: apenas com a ajuda do elemento Fogo, a Mãe das Águas se torna também a Senhora do Espelho e vence Yansã. E assim conquista definitivamente a preferência de Xangô.
A mitologia nagô é amoral e não está preocupada em ditar modelos morais
de comportamento. Na verdade, a vitória de Oxum tem dois significados para
os Iorubás: representa, primeiro, do ponto de vista da agricultura, a preferência pelas chuvas moderadas atribuídas a Oxum como Orixá da Fertilidade do que pelas tempestades simbolizadas pelo casamento de Xangô com Yansã. E, no plano religioso, a vitória de Oxum representa a
superioridade da atividade divinatória simbolizada pelo espelho (inconsciente coletivo) sobre a necromancia e o culto aos antepassados, representado pelo aspecto ctônico e intempestivo da Rainha dos Raios.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Crenças Místicas
por Rodrigo Constantino
"Uma teoria está sujeita ao tribunal da razão somente." (Mises)
O povo brasileiro é um povo bastante inclinado a aceitar passivamente crenças totalmente místicas, das mais absurdas possíveis. Concebo que esta é uma característica universal, mas o caso brasileiro chama a atenção pelo seu grau de crendice. Possivelmente, entre os principais fatores que explicam isso estão a miséria e a ignorância, ainda que não os únicos. Quanto menos instruído for o povo, e quanto maiores forem suas demandas básicas não atendidas, mais fértil é o terreno para a propagação do vírus do misticismo. O obscurantismo em que a Idade Média estava em boa parte mergulhada é evidência disso. As crenças irracionais se alastram na escuridão, alimentando-se do desespero de suas vítimas. As duas paixões humanas que mais contribuem para este caminho são o medo e a esperança. A manipulação desses sentimentos por oportunistas de plantão sempre foi um prato cheio para regimes autoritários e de exploração. O medo da morte e da punição eterna sempre fez muitas vítimas e prisioneiros. A esperança de ser salvo e viver para sempre no paraíso idem. Em certo sentido, podemos afirmar que o Iluminismo ainda não nos deu o ar de sua graça.
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"Uma teoria está sujeita ao tribunal da razão somente." (Mises)
O povo brasileiro é um povo bastante inclinado a aceitar passivamente crenças totalmente místicas, das mais absurdas possíveis. Concebo que esta é uma característica universal, mas o caso brasileiro chama a atenção pelo seu grau de crendice. Possivelmente, entre os principais fatores que explicam isso estão a miséria e a ignorância, ainda que não os únicos. Quanto menos instruído for o povo, e quanto maiores forem suas demandas básicas não atendidas, mais fértil é o terreno para a propagação do vírus do misticismo. O obscurantismo em que a Idade Média estava em boa parte mergulhada é evidência disso. As crenças irracionais se alastram na escuridão, alimentando-se do desespero de suas vítimas. As duas paixões humanas que mais contribuem para este caminho são o medo e a esperança. A manipulação desses sentimentos por oportunistas de plantão sempre foi um prato cheio para regimes autoritários e de exploração. O medo da morte e da punição eterna sempre fez muitas vítimas e prisioneiros. A esperança de ser salvo e viver para sempre no paraíso idem. Em certo sentido, podemos afirmar que o Iluminismo ainda não nos deu o ar de sua graça.
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ELEIÇÃO É ESCOLHA, NÃO É OBEDIÊNCIA
Em 23/01
por José Nêumanne – O Estado de S. Paulo
Há quem acredite em duendes e quem espere o desembarque de Papai Noel de um trenó puxado por renas chaminé abaixo de casa em pleno verão tropical. O cineasta americano Oliver Stone, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner e o sociólogo brasileiro Marco Aurélio Garcia crêem no alívio que as Forças Armadas Colombianas (Farc) trazem ao cotidiano sofrido do pobre camponês de lá. As evidências de que as atividades políticas desses facínoras, que tiram seu sustento da produção e comercialização da cocaína e da manutenção em cativeiro nas piores e mais desumanas condições das pessoas que seqüestram, são similares às de seu parceiro brasileiro Fernandinho Beira-Mar não os demovem de sua fé. Aos 40 anos da morte de Che Guevara e do início das atividades guerrilheiras das Farc, resta-lhes pouco a crer.
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por José Nêumanne – O Estado de S. Paulo
Há quem acredite em duendes e quem espere o desembarque de Papai Noel de um trenó puxado por renas chaminé abaixo de casa em pleno verão tropical. O cineasta americano Oliver Stone, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner e o sociólogo brasileiro Marco Aurélio Garcia crêem no alívio que as Forças Armadas Colombianas (Farc) trazem ao cotidiano sofrido do pobre camponês de lá. As evidências de que as atividades políticas desses facínoras, que tiram seu sustento da produção e comercialização da cocaína e da manutenção em cativeiro nas piores e mais desumanas condições das pessoas que seqüestram, são similares às de seu parceiro brasileiro Fernandinho Beira-Mar não os demovem de sua fé. Aos 40 anos da morte de Che Guevara e do início das atividades guerrilheiras das Farc, resta-lhes pouco a crer.
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
De Portugal, postado por João Paulo
Portugal não falha (caso verídico).
Num concerto dos U2 em Lisboa, Portugal, Bono pediu silêncio ao público e começou a bater palmas compassadamente.
Olhando para as pessoas, que estavam em silêncio, disse ao microfone:
- Eu quero que vocês pensem em algo muito sério. A cada batida de minhas mãos, uma criança morre na África.
Nesse momento uma voz das arquibancadas grita:
- Então para de bater, ó filho da puta!...
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
domingo, 20 de janeiro de 2008
Da série “Dona Marta”: Aqui Na Janela!
Aqui! Tó aqui na janela. Vendo se promete chuva mais tarde, na minha hora de ir embora. Desencosta daí velhinho safado! Já percebi o que tá querendo. Mas não cansa nunca? Não teve anteontem na sala? E não! Não vou levantar saia nenhuma. Pode botar esse negocio indecente para dentro da roupa e tirar essa mão sem vergonha daí, mesmo neste escurinho to percebendo suas intenções, velhinho tarado. Mas será o Benedito que a gente nem pode olhar sossegada pela janela? Já, sim! Mas só para meu marido. Não vou entregar meu rabicô para um taradinho como o senhor, mesmo sendo meu patrão. E daí? Nem com azeite de Portugal! Abro não! Sua mulher foi no médico, e daí? Ela vai voltar, não? E já deve ta aparecendo por aí, a coitada. Tem vergonha não, velho desbocado! Ai! Devagar com isso. Aí. Não vou sacudir coisa nenhuma! As coisas que faço para este velhinho degenerado. Fala baixo, velhote, estamos na janela do prédio. Alguém pode perceber. Mesmo com a luz apagada. Sim, sim, estou sentindo, não precisa ficar nervoso. Ai! Velho assanhado. Sei que meu traseiro é grande. Sei, sim. E gostoso também? Assim que você prefere, né, velhote? Eu sei. Tá bom, eu também gosto, sim. Cala essa boca. Mexo sim. Ah!, se meu marido souber! Que foi isso? Quem ascendeu a luz? Dona Marta! Já voltou? Nem escutei a senhora chegar...
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