quinta-feira, 13 de novembro de 2008
A vírgula
Será que a vírgula, é tão importante assim?
(Da campanha dos 100 anos DA ABI (Associação Brasileira de
Imprensa).
Vírgula pode ser uma pausa... Ou não.
Não, espere.
Não espere.
*
Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.
*
Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
*
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
*
E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
*
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
*
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
*
Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula DA sua informação.
*Detalhes Adicionais: na frase a seguir, coloque a vírgula no lugar certo *
'*SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.'*
Se você for *mulher*, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for *homem*, colocou a vírgula depois de TEM.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
poema sobre a vida
A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.
Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.
Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando.
E termina tudo com um ótimo orgasmo!
Não seria perfeito?
Charles Chaplin
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Os inimigos internos da cultura ocidental
por Rodrigo Constantino
“Quando você quer ajudar as pessoas, você diz a verdade a elas; quando você quer se ajudar, você diz a elas aquilo que elas querem escutar.” (Thomas Sowell)
Os impérios sempre sofreram ameaças vindas de fora, como os romanos tendo que enfrentar os hunos de Átila. Atualmente, a civilização Ocidental precisa lidar com os riscos do fanatismo islâmico, cujo ícone Bin Laden deixa evidente o desejo de destruir tudo aquilo que o Ocidente representa. Mas nem toda a ameaça vem de fora. Muitos ocidentais mesmo lutam para destruir os principais valores ocidentais. Com esses inimigos em mente, Thomas Sowell reuniu no livro Barbarians Inside the Gates vários artigos refutando inúmeras falácias repetidas com freqüência. Sua tese é que os grandes inimigos da civilização ocidental não estão fora dos portões, mas sim dentro, e possuem títulos acadêmicos, poderes judiciais, contam com verbas públicas e controlam o meio artístico e a mídia. Em resumo, são os criadores da agenda “politicamente correta” que busca sempre atacar os pilares da civilização moderna.
Sowell escolhe diversos alvos diferentes, separando os capítulos por temas como economia, política, educação e a questão racial. Seus artigos são sempre muito objetivos, e logo na introdução ele deixa claro que o livro é para aquelas pessoas comuns que entendem o que se quer dizer quando se afirma que o céu é azul. Herdeiros do “desconstrutivismo” de Jacques Derrida fazem parte justamente dos alvos de Sowell, intelectuais que têm bastante facilidade para manipular palavras, mas que ignoram o fato de que a realidade não é maleável como a linguagem. Sowell adota o caminho oposto: linguagem simples e direta, mas em sintonia com os fatos da realidade. Em outras palavras, Sowell apela ao bom-senso, contra as “grandes idéias” da intelligentsia, que costumam deixar rastros enormes de sangue no caminho.
Não podemos esquecer que os experimentos mais terríveis do século XX – o comunismo e o nazismo – foram criações de intelectuais, defendidas por muitos outros intelectuais. Tanto Pol-Pot como seus principais seguidores estudaram o marxismo em Paris, por exemplo, e o filósofo Sartre defendeu a “Revolução Cultural” de Mao Tse Tung, responsável por uma das maiores atrocidades já realizadas pelo homem. Vários intelectuais defendem o regime cubano até hoje. Muitos genocidas e ditadores receberam o apoio desses “pensadores”, e chegaram ao poder graças às suas idéias. Como resume o próprio Sowell, o “totalitarismo foi um fenômeno intelectual”. O socialismo, mesmo com seus gritantes fracassos em todos os lugares onde foi testado, continuou e continua encantando muitos intelectuais. Conforme Sowell coloca, o seu fracasso é tão evidente que apenas um intelectual poderia ignorar um fato desses.
Os inimigos internos da cultura ocidental utilizam várias táticas distintas para atingir o mesmo objetivo: detonar todos os principais pilares da civilização moderna. O multiculturalismo, por exemplo, é uma dessas táticas. Sowell aponta a hipocrisia do discurso em prol do relativismo cultural, lembrando que seus adeptos costumam ser aqueles que desfrutam dos benefícios que a tecnologia moderna oferece, enquanto desdenham dos processos que podem produzi-los. A palavra mágica é “diversidade”, que quando utilizada parece impedir o uso da razão, cedendo lugar às emoções. Há diversidade entre a social-democracia e o nazismo, mas nem por isso os relativistas parecem dispostos a defender o nazismo, apenas em nome da tal “diversidade”. Outra palavra adorada é “mudança”, mas como Sowell lembra, aqueles que falam incessantemente sobre mudança costumam ser bem dogmáticos, e querem apenas mudar os outros, na verdade. A questão que poucos param para perguntar é: mudar em qual direção? Afinal de contas, entrar em guerra é uma mudança, assim como sucumbir a uma ditadura.
A idolatria ao governo é um dos grandes sintomas desse câncer moderno. Sowell dedica vários artigos a este tema, derrubando o mito de que as soluções para os problemas existentes passam sempre por mais governo. Os intelectuais adoram falar em “direitos”, esquecendo que os bens e serviços em questão não caem do céu. “A única forma de alguém ter um direito a algo que deve ser produzido é forçar algum outro a produzir para ele”, afirma Sowell. Eis algo bastante evidente, mas curiosamente sempre ignorado por aqueles que adoram pregar o altruísmo com o esforço alheio. Poucas coisas são mais perigosas do que deixar algumas pessoas decidirem por aquilo que outros terão que arcar com os custos. No entanto, esses “bárbaros” não querem saber de custos, mas sim de posar de nobres altruístas e chegar ao poder. Eles tratam palavras como “compaixão” como se fossem monopólio deles, tentando inviabilizar qualquer debate sobre os meios.
Se alguém é contra o uso da força através do governo para alguma meta, então é assumido automaticamente que ele é contra a meta em si. Apenas esses intelectuais são “pacifistas”, “altruístas” ou “sensíveis”, ainda que os meios por eles pregados sempre levem a resultados opostos a tais fins. Mas quem liga para os resultados? O objetivo é apenas conquistar o poder ou se sentir bem por mergulhar numa “cruzada moral”, enquanto os outros são vistos como seres inferiores, egoístas gananciosos que não possuem uma alma tão pura como eles. Como Sowell afirma, é complicado entender porque seria ganância desejar manter o próprio dinheiro ganho, mas não seria ganância querer tomar o dinheiro dos outros. Enquanto esses intelectuais prometem salvar a humanidade, o governo vai exigindo mais e mais recursos, criando novos problemas para demandar mais impostos e poder. O paternalismo serve como uma camuflagem para a busca do poder ou uma “ego trip” para seus defensores. Os indivíduos são sempre tratados como mentecaptos indefesos, que necessitam do governo e desses intelectuais para lhes dizer como viver. A esquerda jamais compreendeu que, ao darmos poder suficiente para o governo criar a tal “justiça social”, então damos também poder suficiente para ele criar um despotismo. Ou talvez tenha entendido e defenda mesmo assim...
O livro segue com excelentes artigos sobre educação, violência e racismo, sempre combatendo a visão “politicamente correta” que impede qualquer debate honesto sobre temas delicados. Sowell rebate a idolatria à mediocridade, por exemplo, daqueles que falam em “igualdade” na educação, querendo dizer igualdade de resultados, e não melhores oportunidades para todos. Ele lembra que só é possível ensinar todos no mesmo ritmo se o ritmo cair para aquele do menor denominador comum. Seria a morte da meritocracia, um dos objetivos desses intelectuais. A responsabilidade individual é também defendida por Sowell, já que é um dos alvos prediletos dos “bárbaros”, sempre ávidos por culpar a “sociedade” por todos os atos irresponsáveis dos indivíduos. Os crimes, por exemplo, são vistos como culpa do “sistema”, e nunca dos criminosos. Os intelectuais pregam o desarmamento de civis como solução, ignorando que o crime já foi banido, mas nem por isso os criminosos seguem a regra.
A ação afirmativa é outra bandeira adorada pelos intelectuais, e totalmente condenada por Sowell, que afirma não conhecer um único argumento convincente para as cotas. Sua defesa costuma ser apenas através de retórica emocional, sem conteúdo concreto. Sowell conclui que os negros viraram “mascotes” para a elite branca de intelectuais, que consegue verbas e poder, além da sensação de superioridade moral, através da defesa de algo claramente racista. A inveja ao sucesso alheio também é um dos motivadores que Sowell cita para a defesa de programas como as cotas. Novamente, não é com o resultado de suas idéias que esses intelectuais estão preocupados. Adotando uma visão coletivista, eles criam mais ressentimento entre indivíduos, segregando a sociedade e estimulando o racismo que alegam combater.
Em suma, a civilização ocidental e todo o progresso que ela possibilitou estão sob ataque, e boa parte das munições vem do “fogo amigo”, ou seja, de dentro do próprio Ocidente. São pessoas que usufruem das vantagens desses avanços, enquanto cospem em cada fator que permite sua continuação ou mesmo sobrevivência. São manipuladores de palavras e conceitos que ignoram os resultados concretos de suas idéias. São intelectuais com uma agenda “politicamente correta”, que dizem pregar a “pluralidade de idéias” enquanto condenam com agressividade qualquer opinião que não esteja de acordo com a ditadura do “consenso”. No fundo, a “tolerância” defendida com veemência é apenas a tolerância com os intolerantes. A defesa de valores mais tradicionais e de conceitos “antiquados” como honestidade, integridade e objetividade são duramente atacados pelos “tolerantes”. É proibido julgar as atitudes dos outros indivíduos, somente se forem atitudes irresponsáveis e inadequadas. Esses intelectuais são os primeiros a julgar e condenar aqueles que discordam de suas idéias. Tudo aquilo que vai contra os principais valores ocidentais é “apenas uma opinião diferente”, mas os valores ocidentais podem ser condenados objetivamente.
A degradação moral patrocinada por esses intelectuais é apenas um estilo de vida alternativo. Ações de vândalos e baderneiros viram apenas atos de “protesto”, enquanto a reação da polícia é uma agressão. A corrupção na política é apenas algo inerente e natural ao processo decisório. Assaltantes são vítimas da sociedade. Reagir à violência com violência é um absurdo, pois eles encaram a equivalência física como uma equivalência moral. Doutrinar crianças ideologicamente nas escolas é educação, mas reclamar disso é censura. Quem sabe o que é certo ou errado, afinal? Ninguém sabe! À exceção, claro, desses intelectuais, os “bárbaros ocidentais” que querem implodir a civilização ocidental de dentro dos seus portões. Com amigos assim, ninguém precisa de inimigos...
http://rodrigoconstantino.blogspot.com
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
o preço justo?
Um especialista foi chamado para solucionar um problema com um computador de grande porte e altamente complexo... Um computador que vale 12 milhões de reais.
Sentado em frente ao monitor, pressionou algumas teclas, balançou a cabeça, murmurou algo para si mesmo e desligou o computador.
Tirou uma chave de fenda de seu bolso e deu volta e meia em um minúsculo parafuso.
Então ligou o computador e verificou que tudo estava funcionando
perfeitamente.
O presidente da empresa se mostrou surpreendido e ofereceu pagar a conta no mesmo instante.
- Quanto lhe devo? -perguntou.
- São mil reais, por favor.
- Mil reais? Mil reais por alguns minutos de trabalho? Mil reais por apertar um parafuso? Eu sei que meu computador vale 12 milhões de reais, mas mil reais é um valor absurdo!
Pagarei somente se receber uma nota fiscal com todos os detalhes que justifique tal valor.
O especialista balançou a cabeça e saiu.
Na manhã seguinte, o presidente recebeu a nota fiscal, leu com cuidado, balançou a cabeça e saiu para pagá-la no mesmo instante sem reclamar.
A nota fiscal dizia:
Serviços prestados:
- Apertar um parafuso..................R$ 1,00
- Saber qual parafuso apertar..........R$ 999,00
domingo, 17 de agosto de 2008
Engano
sábado, 16 de agosto de 2008
A "cultura Google" desestimula a leitura e o cérebro?
Acho que sei o que se passa. Por mais de uma década, tenho ficado muito tempo online, pesquisando, surfando e às vezes contribuindo para o crescimento dos grandes arquivos da internet.
À primeira vista pode não parecer, mas vai muito além do tolo alarmismo anti-web o artigo – "de fôlego" – publicado por Nicholas Carr na revista "Atlantic Monthly" (em inglês, acesso gratuito), com o título O Google está nos deixando burros?. O autor especula sobre como a rede mundial de computadores, ao mudar nossa relação com a leitura, estaria reprogramando nossos cérebros.
O título chamativo não faz justiça ao texto. Embora seja um conhecido adversário dos utopistas tecnológicos, Carr não é um reacionário. Lembra que seria fácil repetir hoje o erro de Platão, que, ao prever que a escrita enfraqueceria nossa memória e multiplicaria o conhecimento às custas da verdadeira sabedoria, tinha sua dose de razão, mas sofria de visão curta: a longo prazo, os benefícios da técnica tornaram seu argumento ridículo. Um cara preocupado, isso Carr é mesmo. Mas quem vai dizer que lhe faltam motivos?"
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Um excelente dia...
No filme "Perfume de Mulher" há uma cena inesquecível na qual o cego (interpretado por
Al Pacino) convida uma jovem para dançar e ela responde: "Não posso, o meu noivo deve estar chegando".
Ao que o cego responde: “Em um momento, vive-se uma vida", e a leva para dançar um tango. Esta cena que dura apenas dois ou três minutos, é o melhor momento do filme.
Muitos vivem correndo atrás do tempo, mas só o alcançam quando morrem, quer seja de enfarte ou num acidente automobilístico por correrem para chegar a tempo. Ou outros que, tão ansiosos para viverem o futuro, esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que realmente existe. O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24 horas por dia.
A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro".
Parabéns por ter conseguido ler esta mensagem até ao fim. Certamente haverá muitos que leram só metade, para "não perder tempo" tão valioso neste mundo globalizado.
Um excelente dia para você, hoje.
Objetos inúteis
Tens o hábito de juntar objetos inúteis neste momento, crendo que um dia (não sabes quando) poderás precisar deles.
Tens o hábito de juntar dinheiro só para não o gastar, pois pensas que no futuro poderá fazer falta.
Tens o hábito de guardar roupa, brinquedos, sapatos, movéis, utensílios domésticos e outras coisas que já não usas há bastante tempo.
Tens o hábito de guardar o que sentes, broncas, ressentimentos, tristezas, medos, pessoas, etc.
E dentro de ti ?
Não faças isso!
É anti-prosperidade.
É preciso criar um espaço, um vazio, para que as coisas novas cheguem à tua vida.
É preciso eliminar o que é inútil em ti e na tua vida, para que a prosperidade venha.
É a força desse vazio que absorberá e atrairá tudo o que tu desejas.
Enquanto estiveres material ou emocionalmente carregado de coisas velhas e inúteis, não haverá espaço aberto para novas oportunidades.
Os bens precisam de circular.
Limpa as gavetas, os armários, o teu quarto, a garagem.
Dá o que tu já não usas.
A atitude de guardar um montão de coisas inúteis amarra a tua vida.
Não são os objetos guardados que param a tua vida, mas o significado da atitude de guardar.
Quando se guarda, considera-se a possibilidade de falta, de carência. É acreditar que amanhã poderá faltar e tu não terás meios de prover às tuas necessidades.
Com essa postura, tu estás a enviar duas mensagens para o teu cérebro e para a tua vida:
1º... tu não confias no amanhã
2º... tu crês que o novo e o melhor não são para ti, já que te alegras com guardar coisas velhas e inúteis.
Joseph Newton
Mala Men
O assunto da aula era medo.
A professora começa a perguntar.
- Pedrinho, do que você tem mais medo?
- Da mula-sem-cabeça, fessora.
- Mas, Pedrinho, a mula-sem-cabeça não existe. É apenas uma lenda... Você não precisa ter medo.
- Mariazinha, do que você tem mais medo?
- Do saci-pererê, fessora.
- Mariazinha o saci-pererê também não existe. É somente outra lenda... Você não precisa ter medo.
- E você, Joãozinho? Do que tem mais medo?
- Do Mala Men, fessora.
- Mala Men? Nunca ouvi falar... Quem é esse tal de Mala Men?
- Quem é eu também não sei, 'fessora'. Mas toda noite minha mãe diz na oração: 'Não nos deixais cair em tentação, mas livrai-nos do Mala Men...
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
A REVOLTA DAS MINORIAS
Nessa época, onde a transitoriedade e a pressa se acentuam, a avalanche dos fatos não finca raízes, não se fixa na memória já curta dos homens. No caso brasileiro, não só o desconhecimento de nossa história, mas a indiferença ao que se passa no turbilhão de acontecimentos recentes faz de nós desmemoriados culturais. Entre uma semana e outra, entre uma Veja e a próxima, tudo é esquecido mesmo por aqueles que cultivam o raro hábito de ler jornais e revistas.
A amnésia coletiva que inclui letrados e iletrados aprofunda o individualismo, impede a formação de uma consciência cívica, favorece o poderio estatal e o surgimento de lideranças populistas, de demagogos que seduzem as massas sequiosas de direção e de esmolas públicas que acalmem suas aspirações.
A sensação que se tem no Brasil de hoje diante de denúncias gravíssimas que pairam sobre membros do mais alto escalão do governo; da violência urbana, especialmente a relativa ao estado de guerra em que vive a população do Rio de Janeiro, e a do meio rural sob os ataques do MST e suas dissidências; do caos na área da Saúde; do baixo nível da Educação; da ausência de valores que norteiem o curso de cada vida é que os indivíduos se deixam levar pela correnteza da submissão à manipulação que despersonaliza, massifica, torna todos semelhantes no anonimato, na insignificância, na mediocridade.
Faltam-nos minorias capazes de liderar, de se revoltar com o atual estado de coisas, de transformar a responsabilidade no fermento inovador de um novo patamar de progresso e, porque não, de fazer florescer o belo, o bom e o justo para assim quebrar a vulgaridade da existência atual. E as minorias a que me refiro nada têm a ver com riqueza ou pobreza, mas podem emergir em qualquer classe social, pois suas faculdades superiores de melhores residem no caráter, na essência que os aproxima mais da humanidade que da bestialidade que habita em cada criatura.
A sociedade brasileira fica estarrecida diante dos crimes atrozes devidamente "trabalhados" pela TV. Mas se queda indiferente perante os abusos cometidos pelos governantes. Afinal, os que deviam dar o bom exemplo e não dão são os piores.
Parafraseando Ortega y Gasset: infelizmente, existem algumas cabeças, muito poucas, mas o corpo vulgar do Brasil não quer pô-las sobre os ombros. Pior, o corpo vulgar insiste em manter sobre os ombros cabeças incompetentes, distantes do bem comum, articuladas por vezes com a ilegalidade.
Vários exemplos podem ser citados para confirmarem essa análise, pois se sempre houve escândalos na esfera do Poder Público, nunca se assistiu a tantos de 2003 para cá. Basta lembrar que poucos ministros restam do primeiro mandato do atual presidente da República, sendo que muitos já perderam o cargo nesse segundo mandato por conta da corrupção. Também o Poder Legislativo não se cansa de dar ao povo múltiplos exemplos de como não deve ser um parlamentar. E nem o Judiciário escapou do descumprimento da lei, o que é algo tragicamente irônico.
Entretanto, fiquemos com os fatos mais recentes, que na próxima semana já estarão esquecidos, para confirmar o que está sendo apresentado neste curto artigo:
Em matéria de incompetência governamental tivemos dois episódios marcantes. O primeiro foi relativo à atuação do chanceler Celso Amorim, que mais uma vez trabalhou com denodo para conduzir ao fracasso a Rodada de Doha. Pior, o Brasil saiu como traidor do Encontro, portanto, mal visto na esfera internacional.
O segundo está ligado à audiência pública convocada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro e pelo secretário Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, com o objetivo de pedir a condenação de militares que, segundo estes senhores, estariam envolvidos em práticas de tortura durante o governo militar e, assim, não poderiam ser beneficiados pela lei da anistia. Com sua atitude estes membros do governo causaram constrangimento até aos companheiros de seu próprio partido, o PT e, segundo consta, ao próprio presidente da República. Mas este não cogitou em dispensar o ministro e o secretário, como não pensou em destituir do cargo o colecionador de perdas, Celso Amorim.
Outro fato bastante grave foi a denúncia feita pela revista colombiana Cambio sobre as ligações de membros importantes do governo brasileiro e muito próximos ao presidente da República, com as Farc, bando composto por bestiais narcotraficantes, criminosos da pior espécie que estão sendo derrotados pelo presidente Álvaro Uribe.
Provavelmente tudo isso estará esquecido na semana que vem, pois com mostrou Ortega y Gasset, "a política se apressa em apagar as luzes para que todos os gatos fiquem pardos". E isso não diz respeito só aos políticos. Sem a revolta das minorias todos nós ficamos pardos.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga, escritora, professora.
domingo, 27 de julho de 2008
A beleza salvará o mundo
segunda-feira, 21 de julho de 2008
PORQUE NÃO PUDE TORNAR OS HOMENS SENSATOS, PREFERI SER FELIZ LONGE DELES.
A LIBERDADE DE FUMAR, SEGUNDO O DIREITO DE PROPRIEDADE
Detesto cigarro; aliás, melhor dizer que ele me detesta! Basta alguém começar a fumar perto de mim, e meu nariz entope e começa a escorrer, meus olhos se avermelham e minha garganta coça. Dos pouquíssimos pontos em que discordo do professor Olavo de Carvalho, aí está o principal: pra mim, pelo menos, cigarro faz mal, e este é um dado de tal maneira objetivo, que dispenso qualquer médico que me diga.
Obs.: como tenho avisado, passei a escrever "estado" com inicial minúscula.
sexta-feira, 4 de julho de 2008
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Elogio aos Idiotas
Por Carlos Cardoso Aveline
Na vida acelerada do mundo de hoje, todos querem ser espertos, vivos e astuciosos. Ninguém quer ficar para trás, quando você está indo, os outros já estão voltando. Ninguém mais diz frases com segundas intenções: dizem coisas com terceiras, quartas e quintas intenções. Frases que, com sorte, um leigo demora de dez a 30 minutos para decifrar, e até dois dias para imaginar uma resposta à altura.
Em compensação, alguém que diz diretamente aquilo que pensa acaba provocando escândalo e mal-estar. É imediatamente catalogado como perigoso e tratado como idiota. A sinceridade parece contrariar as normas da convivência e da boa educação modernas. Assim, as pessoas
bem-educadas são amáveis, mas nem sempre se deve acreditar no que dizem.
A idiotice é um tema vasto, com muitos aspectos diferentes, que sempre esteve presente na minha vida e está inscrita com destaque na cultura brasileira. Um exemplo disso são as tradicionais piadas de português. Elas são uma projeção da brasilidade. No fundo, os portugueses idiotas das piadas somos nós. Os episódios que envolvem Manuel, Joaquim e Maria são todos uma parte da alma do nosso país, tanto é assim que só são conhecidos no Brasil. Em Portugal, ao contrário, circulam piadas de brasileiros.
É certo que, quando examinamos a questão da inteligência e da idiotice, surgem algumas perguntas indiscretas: o que é, afinal, inteligência? O que é burrice? Quantos tipos há de idiotas?
Inteligência é a capacidade de perceber o real. E, como há realidades muito diferentes no mundo, não existe um tipo único de inteligência. Cada situação da vida requer um tipo específico de percepção, e por isso as inteligências são múltiplas. Por sua vez, a idiotice e a burrice podem ser definidas como a incapacidade de perceber o real. E são tão variadas quanto as inteligências. Há, portanto, muitos tipos de idiotas. Alguns deles, inclusive, são espertalhões. Sim, há idiotas que passam por inteligentes, e também há pessoas inteligentes que passam por idiotas.
Além disso, quem é inteligente em uma área da vida pode ser burro em outras. Você é esperto em política e burro na hora de jogar futebol. Sua namorada pode ser menos intelectual que você, na hora de discutir filosofia, mas há aspectos da vida em que ela coloca você no chinelo. Há coisas que seus filhos pequenos fazem bem melhor que você, como, talvez, compreender as sutilezas de um videogame ou computador. Felizmente, ter sabedoria não é saber tudo. Ter sabedoria é saber o mais importante, e administrar bem os seus talentos.
Dos muitos tipos de idiotas, um dos mais interessantes foi examinado por François Rabelais, o escritor francês do século 16. Ele abordou a burrice específica dos "doutores" que usam palavras complicadas para não dizer coisa alguma. Um deles - conta Rabelais - fez certo dia uma longa pesquisa para saber "se uma entidade imaginária, zumbindo no vácuo, é capaz de devorar segundas intenções". Outro queria saber "se uma idéia platônica, dirigindo-se para a direita sob o orifício do caos, poderia afastar os átomos de Demócrito". Um terceiro investigava "se a frigidez hibernal dos antípodas, passando numa linha ortogonal através da homogênea solidez do centro, podia, por uma delicada antiperístase, aquecer a convexidade dos nossos calcanhares". Rabelais qualifica tais idiotas eruditos como professores cegos de discípulos cegos, "que tateiam em um quarto escuro à procura de um gato preto que não está lá".(1) Tais indivíduos eram precursores de Rolando Lero, o grande erudito da televisão brasileira.
Conheço seres humanos que têm tanto medo de parecer burros que aplaudem - ou pelo menos fingem que compreendem - esse tipo de raciocínio longo, encaracolado, sem significado algum. Mas tal constrangimento é desnecessário: deixando de lado o medo de parecer idiotas, perderemos menos tempo fingindo e seremos mais felizes.
O caso de um dos maiores gênios da ciência, Albert Einstein, é ilustrativo. No início da vida, ele recusou-se a falar antes dos 3 anos de idade. Seus pais, pessoas sensatas, pensavam que fosse retardado mental. Mais tarde, quando Einstein ingressou na escola, ele foi novamente considerado imbecil. Seu biógrafo é obrigado a admitir:
"Para os colegas de classe, Albert era uma anomalia que não demonstrava interesse nenhum pelos esportes. Para os professores, era um idiota que não conseguia decorar nada e se comportava de modo estranho. Em vez de responder imediatamente a uma pergunta, como os outros alunos, sempre hesitava. E, quando respondia, movia os lábios em silêncio, repetindo as palavras." (2) Décadas mais tarde, Einstein deu o troco. Ele qualificou o nosso moderno sistema educacional como uma estrutura que reprime a inteligência e busca fabricar idiotas obedientes:
"A humilhação e a opressão mental imposta por professores ignorantes e pretensiosos causam danos terríveis na mente jovem; danos que não podem ser reparados e que geralmente exercem influências maléficas na vida futura." E ainda: "A maioria dos professores perde tempo fazendo perguntas para descobrir o que o aluno não sabe, quando a verdadeira arte consiste em descobrir o que o aluno sabe ou é capaz de saber." (3) Por isso Mark Twain escreveu: "Nunca permiti que a escola atrapalhasse meus estudos." E George Bernard Shaw admitiu: "Em determinado momento, interrompi meus estudos para ingressar na universidade." É verdade que, desde então, o sistema educacional já melhorou um pouco. Mas deve melhorar mais.
Einstein não estava só ao ser considerado idiota. Quando jovem, o pensador indiano Jiddu Krishnamurti também despertou fortes suspeitas de que era um débil mental. Durante 50 anos, no século 20, ele deu palestras no mundo todo, e teve dezenas de livros importantes publicados
De fato, o santo e o idiota têm muito em comum, não só entre si, mas também com as árvores e os animais. Todos eles vivem em um estado de comunhão que é independente do pensamento lógico.
Isso contraria a inteligência situada no hemisfério cerebral esquerdo, que rotula e classifica todas as coisas. Essa inteligência gosta de colocar-se como se tivesse o monopólio da consciência. Esse, aliás, é um dos grandes obstáculos para a prática da meditação: a mente pensante não aceita passar o poder à mente que contempla e compreende a verdade sem necessidade de pensamentos.
ALÉM DAS APARÊNCIAS
A primeira frase dos famosos Ioga Sutras de Patañjali, o tratado milenar sobre raja ioga, afirma: "Ioga é a cessação das modificações da mente." Para alcançar a hiperconsciência, o estado mental do êxtase divino, é necessário paralisar por um momento a mente inferior. O sábio é um ser que renunciou à inteligência convencional e optou por uma percepção que a mente comum não consegue captar. Por isso, mesmo na sociedade brasileira do século 21, se aquele que ingressa no caminho espiritual não tiver certos cuidados, pode ser considerado louco, ou idiota, pelos seus parentes e amigos. Mas, do ponto de vista do sábio, a situação se inverte e idiota é aquele que fica preso à lógica do mundo externo.
A ciência parece reforçar o ponto de vista do sábio ao afirmar que, realmente, usamos uma parcela muito pequena do potencial disponível
Há um fato que nem sequer os livros de inteligência emocional confessam abertamente: quando se desperta a inteligência espiritual, perde-se, irremediavelmente, a inteligência astuciosa que permite coisas como mentir com habilidade, usar a lisonja na medida certa e falar a verdade só quando ela traz vantagens.
Daí vem a sensação de nada saber diante do mundo. A expansão mística da consciência traz consigo uma inocência idiota em relação à realidade externa, e é por isso que os sábios renunciam à agitação, preferindo uma vida retirada. Para alcançar a consciência celestial, é necessário abandonar e perder a inteligência egoísta e assumir, em certos assuntos, a aparência de um abobado.
O escritor sufi Idries Shah - um pensador místico do islamismo - escreveu um livro intitulado A Sabedoria dos Idiotas. Na abertura da obra, explicou: "Aquilo que os homens de pensamento estreito imaginam que seja sabedoria é freqüentemente considerado loucura pelos sábios sufis. Assim os sufis, por sua vez, chamam a si mesmos de 'idiotas'. Por uma feliz coincidência, a palavra árabe que significa 'santo' (wali) tem a mesma equivalência numérica que a palavra que significa 'idiota' (balid). Assim, temos dois motivos para ver os grandes sufis como os nossos idiotas." (4)
Todo aprendiz da arte de viver deve libertar-se das chantagens emocionais do que é "politicamente correto" e deixar de lado os mecanismos da idiotice coletiva organizada, que forçam a formação de consensos falsos com base em esquemas de poder.
Mas para fugir da idiotice coletiva organizada - com sua psicologia de rebanho que proíbe o indivíduo de pensar por si mesmo - é indispensável vencer o medo de que nos seja colocado o rótulo de ovelha negra, ou de idiota. Só assim poderemos viver com responsabilidade própria e independência pessoal, duas características
"Era uma noite completamente escura, séculos atrás. De repente, um sujeito acende uma tocha para iluminar seu caminho e vai até a casa do vizinho. Ele quer pedir fogo, porque a noite está demasiado escura. Depois de muito gritar e bater na porta, o vizinho finalmente abre a porta, ouve seu pedido e responde: 'Ah, ah, você é muito imbecil! Raciocine! Você tem uma tocha acesa na sua mão!' "
A moral da história é que todos nós corremos o risco de fazer como o pobre coitado que bateu na porta do vizinho. A verdade eterna e a fonte da felicidade estão em nossas próprias mãos. Só dependem de nós. Mas às vezes insistimos em procurá-las nas coisas externas e pedi-las a outras pessoas, renunciando à autonomia da nossa caminhada.
Os sábios, como os idiotas, são íntegros. Eles não fingem que são inteligentes e não têm medo de errar. Tentam, erram e quebram a cara. Mas, quando acertam, são geniais. O idiota de hoje pode ser o sábio de amanhã, graças à experiência adquirida. Em compensação, aquele que não possui ânimo para tentar não tem chance alguma de aprender.
Por isso devemos criar uma cultura em que é permitido a cada um cair e levantar livremente. Porque somos todos apenas aprendizes. Erramos e aprendemos o tempo todo, e devemos estimular em cada ser humano a coragem de buscar - mesmo tropeçando - os seus sonhos mais elevados.
Banindo da nossa cultura o medo do ridículo, cada um se permitirá um pouco mais de deselegância - e de autenticidade - em sua maneira de viver.
Notas
(1) Vidas de Grandes Romancistas, por Henry Thomas e Dana Lee Thomas,
RJ-POA-SP, 1954. Ver p. 32.
(2) Einstein, a Ciência da Vida, uma biografia escrita por Denis Brian, Editora Ática, SP, 1998. Ver pp. 1, 3 e 4. (3) Assim Falou Einstein, coletânea editada por Alice Calaprice, Ed. Civilização Brasileira, RJ, 1998. Ver pp. 64 (primeira frase da citação) e 63 (segunda frase).(4) Wisdom of the Idiots, Idries Shah, The Octagon Press, Londres, 1991. Ver p. 5.
domingo, 29 de junho de 2008
Filhinha do papai
A filha de um advogado não aparecia em casa havia mais de 5 anos.
Na sua volta, seu pai deu a maior bronca:
- Onde você estava durante esse tempo todo, desgraçada?!
Por que não escreveu sequer uma notinha dizendo como estava? Por que não telefonou? Vagabunda! Não sabe como a sua mãe tem sofrido por sua causa!
A garota, chorando:
- Pai....Virei prostituta...
- O que?!?
Fora daqui, sem vergonha, ordinária, desqualificada, vergonha da família, não quero te ver nunca mais!!!
- Tá bom, papai. Como o Sr. quiser...
- Eu somente voltei aqui para dar este casaco de pele e as escrituras da minha mansão do Morumbi para a mamãe; uma caderneta de poupança no valor de 5 milhões para o meu irmãozinho e, para você, paizinho querido, este Rolex de ouro puro, uma BMW 0km que está na porta, e um convite a todos para passarem o Reveillon a bordo do meu iate em Búzios.
Filhinha, você disse que tinha virado o que, mesmo?
- Prostituta, papai.
- Aaaaahhh, booommmm! Que susto você me deu, menina! Eu tinha entendido .... Professora substituta!!! Vem cá, dá um abraço no papai...
Não precisa casar. Sozinho é melhor
*Duda Teixeira* entrevista o psiquiatra Flávio Gikovate*
*Publicado na Revista Veja
*O psiquiatra decreta a morte do amor romântico e diz que a vida de solteiro
é um caminho viável para a felicidade*
*Com 41 anos de clínica, o médico psiquiatra Flávio Gikovate acompanhou os
fatos mais marcantes que mudaram a sexualidade no Brasil e no mundo. Por
meio de mais de 8.000 pessoas atendidas, assistiu ao impacto da chegada da
pílula anticoncepcional na década de 60 e a constituição das famílias
contemporâneas, que agregam pessoas vindas de casamentos do passado. Suas
reflexões sobre o amor ao longo de esse tempo foram condensadas no seu 26º
livro, Uma História de Amor... com Final Feliz. Na obra, a oitava sobre o
tema, Gikovate ataca o amor romântico e defende o individualismo, entendido
não como descaso pelos outros e sim como uma maneira de aumentar o
conhecimento de si próprio. Tendo sido um dos primeiros a publicar um estudo
no país sobre sexualidade, atuou em diversos meios de comunicação, como
jornais e revistas e na televisão. Atualmente, possui um programa na rádio,
em que responde perguntas feitas por ouvintes. Aos 65 anos, ele atendeu a
reportagem de Veja em seu consultório no elegante bairro dos Jardins, em São
Paulo.*
*Veja - O senhor diria para a maioria das pessoas que o casamento pode não
ser uma boa decisão na vida? *
*Gikovate *- Sim. As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados. São indivíduos que se envolveram em uma trama nada evolutiva e pouco saudável. Vivem relacionamentos possessivos em que não há confiança recíproca nem sinceridade. Por algum tempo depois do casamento, consideram-se felizes e bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Porém,lá entre sete e dez anos de casamento, eles terão de se deparar com a realidade e tomar uma decisão drástica, que normalmente é a separação.
*Veja - Ficar sozinho é melhor, então? **
Gikovate -* Há muitos solteiros felizes. Levam uma vida serena e sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo, aquele "vazio no estômago" por estarem sozinhos, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam. Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. Pensam, como Vinicius de Moraes, que "é impossível ser feliz sozinho". Isso caducou. Daí, vivem tristes e
deprimidos.
*Veja - Por que os casamentos acabam não dando certo?*
*Gikovate -* Quase todos os casamentos hoje são assim: um é mais extrovertido, estourado, de gênio forte. É vaidoso e precisa sempre de elogios. O outro é mais discreto, mais manso, mais tolerante. Faz tudo para agradar o primeiro. Todo mundo conhece pelo menos meia-dúzia de casais assim, entre um egoísta e um generoso. O primeiro reclama muito e, assim,recebe muito mais do que dá. O segundo tem baixa auto-estima e está sempre disposto a servir o outro. Muitos homens egoístas fazem questão que a mulher generosa esteja do lado dele enquanto ele assiste na televisão os seus programas preferidos. Mulheres egoístas não aceitam que seus esposos joguem
futebol. Consideram isso uma traição. De um jeito ou de outro, o generoso
sempre precisa fazer concessões para agradar o egoísta, ou não brigar com ele. Em nome do amor, deixam sua individualidade em segundo plano. E a felicidade vai junto. O casamento, então, começa a desmoronar. Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre amor e individualidade, opte pelo segundo.
*Veja - Viver sozinho não seria uma postura muito individualista?
* Gikovate -* Não há nada de errado em ser individualista. Muitos dos autores contemporâneos têm uma postura crítica em relação a isso. Confundem individualismo com egoísmo ou descaso pelos outros. São conceitos diferentes. Outros dizem que o individualismo é liberal e até mesmo de direita. Eu não penso assim. O individualismo corresponde a um crescimento emocional. Quando a pessoa se reconhece como uma unidade, e não como uma metade desamparada, consegue estabelecer relações afetivas de boa qualidade.
Por tabela, também poderá construir uma sociedade mais justa. Conhecem melhor a si próprio e, por isso, sabem das necessidades e desejos dos outros. O individualismo acabará por gerar frutos muito interessantes e positivos no futuro. Criará condições para um avanço moral significativo.
*Veja - Por que os casamentos normalmente ocorrem entre egoístas e generosos?*
*Gikovate -* A idéia geral na nossa sociedade é a de que os opostos se atraem. E isso acontece por vários motivos. Na juventude, não gostamos muito do nosso modo de ser e admiramos quem é diferente de nós. Assim, egoístas e generosos acabam se envolvendo. O egoísta, por ser exibicionista, também atrai o generoso, que vê no outro qualidades que ele não possui. Por fim, nossos pais e avós são geralmente uniões desse tipo, e nós acabamos repetindo o erro deles.*
* *Veja - Para quem tem filhos não é melhor estar em um casamento? E, para
os filhos, não é melhor ter pais casados?*
*Gikovate -* Para quem pretende construir projetos em comum - e ter filhos é o mais relevantes deles - o melhor é jogar em dupla. Crianças dão muito trabalho e preocupação. É muito mais fácil, então, quando essa tarefa é compartilhada. Do ponto de vista da criança, o mais provável é que elas se sintam mais amparadas quando crescem segundo os padrões culturais que dominam no seu meio-ambiente. Se elas são criadas pelo padrasto, vivem com os filhos de outros casamentos da mãe, mas estudam em uma escola de valores fortemente conservadores e religiosos, poderão sentir algum mal-estar. Do ponto de vista emocional, não creio que se possa fazer um julgamento definitivo sobre as vantagens da família tradicional sobre as constituídas por casais gays ou por um pai ou mãe solteiros. Estamos em um processo de transição no qual ainda não estão constituídos novos valores morais. É sempre bom esperar um pouco para não fazer avaliações precipitadas.
*
Veja - Que conselhos você daria para um jovem que acaba de começar na vida
amorosa?*
*Gikovate -* É preciso que o jovem entenda que o amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados. Esse amor, que nasceu no século XIX com a revolução industrial, tem um caráter muito possessivo. Segundo esse ideal, duas pessoas que se amam devem estar juntas em todos os seus momentos livres, o que é uma afronta à individualidade. O mundo mudou muito desde então. É só olhar como vivem as viúvas. Estão todas felizes da vida. Contudo, como muitos jovens ainda sonham com esse amor romântico, casam-se, separam-se e casam-se de novo, várias vezes, até aprender essa lição. Se é que aprendem. Se um jovem já tem a noção de não precisa se casar par ser feliz, ele pulará todas essas etapas que provocam sofrimento.
*Veja - As mulheres são mais ansiosas em casar do que os homens? Por quê?*
*Gikovate -* As mulheres têm obsessão por casamento. É uma visão totalmente antiquada, que os homens não possuem. Uma vez, quando eu ainda escrevia para a revista Cláudia, o pessoal da redação fez uma pesquisa sobre os desejos das pessoas. O maior sonho de 100% das moças de 18 a 20 anos de idade era se casar e ter filho. Entre os homens, quase nenhum respondeu isso. Queriam ser bons profissionais, fazer grandes viagens. Essa diferença abismal acontece por razões derivadas da tradição cultural. No passado, o casamento era do máximo interesse das mulheres porque só assim poderiam ter uma vida sexual socialmente aceitável. Poderiam ter filhos e um homem que as protegeria e pagaria as contas. Os homens, por sua vez, entendiam apenas que algum dia eles seriam obrigados a fazer isso. Nos dias que correm, as razões que levavam mulheres a ter necessidade de casar não se sustentam. Nas universidades, o número de moças é superior ao de rapazes. Em poucas
décadas, elas ganharão mais que eles. Resta acompanhar o que irá acontecer com as mulheres, agora livres sexualmente, nem sempre tão interessadas em ter filhos e independentes economicamente.
*Veja - Como será o amor do futuro?*
*Gikovate -* Os relacionamentos que não respeitam a individualidade estão condenados a desaparecer. Isso de certa forma já ocorre naturalmente. No Brasil, o número de divórcios já é maior que o de casamentos no ano.
Atualmente, muitos homens e mulheres já consideram que ficarão sozinhos para sempre ou já aceitam a idéia de aguardar até o momento em que encontrarão alguém parecido tanto no caráter quanto nos interesses pessoais. Se isso ocorrer, terão prazer em estar juntos em um número grande de situações.
Nesse novo cenário, em que há afinidade e respeito pelas diferenças, a individualidade é preservada. Eu estou no meu segundo casamento. Minha mulher gosta de ópera. Quando ela quer ir, vai sozinha. E não há qualquer problema nisso.
*Veja - Quando duas pessoas decidem morar juntas, a individualidade não
sofre um abalo?*
*Gikovate -* Não necessariamente elas precisarão morar juntas. Em um dos meus programas de rádio, um casal me perguntou se estavam sendo ousados demais em se casar e continuarem morando separados. Isso está ficando cada dia mais comum. Há outros tantos casais que moram juntos, mas em quartos separados. Se o objetivo é preservar a individualidade, não há razão para vergonha. O interessante é a qualidade do vínculo que existirá entre duas pessoas. No primeiro mundo, esse comportamento já é normal. Muitos casais moram até em cidades diferentes.
*Veja - É possível ser fiel morando em casas ou cidades diferentes?*
Gikovate -* A fidelidade ocorre espontaneamente quando se estabelece um vínculo de qualidade. Em um clima assim, o elemento erótico perde um pouco seu impacto. Por incrível que pareça, essas relações são monogâmicas. É algo difícil de explicar, mas que acontece.
*Veja - Com o fim do amor romântico, como fica o sexo?**
Gikovate -* Um dos grandes problemas ligados à questão sentimental é justamente o de que o desejo sexual nem sempre acompanha a intimidade efetiva, aquela baseada em afinidade e companheirismo. É incrível como de vez em quando amor e sexo combinam, mas isso não ocorre com facilidade. Por outro lado, o sexo com um parceiro desconhecido, ou quase isso, é quase sempre muito pouco interessante. Quando acaba, as pessoas sentem um grande vazio. Não é algo que eu recomendaria. Hoje, as normas de comportamento são ditadas pela indústria pornográfica e se parece com um exercício físico. O sexo então tem mais compromisso com agressividade do que com amor e amizade.
Jovens que têm amigos muito chegados e queridos dizem que transar com eles não tem nada a ver. Acham mais fácil transar com inimigos do que com o melhor amigo. Penso que, com o amadurecimento emocional, as pessoas tenderão a se abster desse tipo de prática.
*Veja - As desilusões com o primeiro casamento têm ajudado as pessoas a
tomar as decisões corretas?**
Gikovate -* No início da epidemia de divórcios brasileira, na década de 70,as pessoas se separavam e atribuíam o desastre da união a problemas genéricos. Alguns diziam que o amor acabou. Outros, o parceiro era muito chato. Não se davam conta de que as questões eram mais complexas. Então, acabavam se unindo à outras pessoas muito parecidas com as que tinham acabado de descartar. Hoje, os indivíduos estão mais críticos. Aceitam ficar mais tempo sozinhos e fazem autocríticas mais consistentes. Por causa disso, conseguem evoluir emocionalmente e percebem que terão que mudar radicalmente os critérios de escolha do parceiro. Se antes queriam alguém diferente, hoje a tendência é buscarem uma pessoa com afinidades.
(...)
quarta-feira, 25 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
origem de ditos populares
Significado: Ficar de sobreaviso, acautelar-se, prevenir-se.
Significado: Falar demais.
Significado: Ter feito sexo com alguém.
CHORAR AS PITANGAS
Significado: Chorar muito.
Significado: Uma pessoa é muito parecida com outra.
Significado: Hálito fétido.
Significado: Muito, em grande quantidade.
Significado: Pode esperar que vai demorar.
OVELHA NEGRA DA FAMÍLIA
Significado: Filhos que não têm bom comportamento.
BATEU AS BOTAS
Significado: Morreu.
CONVERSA MOLE PARA BOI DORMIR
Significado: Assunto sem importânica.
Significado: Entrega espontânea
Significado: Falar demais.
Significado: Não adianta mais.
Significado: Frase que sintetiza confusão.
VÁ PENTEAR MACACOS
Significado: Não incomode, vá para longe.
Significado: Elogiar exageradamente.
Significado: É muito bom.
ESTAR DE PAQUETE
Significado: Situação das mulheres quando estão menstruadas.
QUINTOS DOS INFERNOS
Significado: Amaldiçoar alguém ou local muito longínquo.
DORMIR COM AS GALINHAS
Significado: Dormir muito cedo.
Significado: Babá.
ENTRAR COM O PÉ DIREITO
Significado: Começar bem.
CATAR MILHO
Significado: Datilografar ou digitar lentamente.
a EMENDA SAIU PIOR DO QUE O SONETO
Significado: O conserto ficou pior que o original.
AO DEUS DARÁ
Significado: Deixado de lado.