sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Não me pertence mais

AONDE CHÁVEZ VAI, LULA VAI ATRÁS


de MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA

18/01/2008

Sempre foi evidente a admiração de Lula da Silva por Hugo Chávez, chamado por nosso presidente de “centro avante matador” e apontado como exemplo de democrata. E se por um lado Lula recebe amavelmente o presidente Bush para churrasco na Granja do Torto, por outro nunca deixou de fazer coro com Chávez contra os Estados Unidos, sobretudo quando de suas idas à Venezuela, como da vez em que esteve naquele país para ajudar o companheiro da boina vermelha em uma de suas intermináveis reeleições.

Chávez dominou o Congresso onde tem maioria. Lula da Silva fez o mesmo sob inspiração do seu então “capitão do time”, José Dirceu, que introduziu o método mensalão como maneira infalível de obter a maioria na Câmara. E se já havia corrupção desde os primórdios de nossa história, nunca antes nesse país comportamentos corruptos foram tão evidentes.

Hugo Chávez dominou o Judiciário. Lula, menos eficiente que o companheiro, também tem submetido à sua vontade o cumprimento da Lei. É estranho, por exemplo, que os assassinatos dos prefeitos Toninho do PT e de Celso Daniel não tenham sido desvendados, e que Bruno Daniel e sua família tenham pedido exílio político na França. Estaremos mesmo numa democracia?

Chávez desenvolveu de modo avantajado o culto de sua personalidade. Duda Mendonça criou personagem, imagem e mito para o petista de forma a fazer inveja a Hitler. E se os meios de comunicação ajudam admiravelmente ou atrapalham a propaganda, Hugo Chávez extinguiu os que não lhe interessavam e criou sua própria TV. Lula tentou no primeiro mandato cercear a liberdade de imprensa e agora terá sua TV, eufemisticamente chamada de TV Pública.

Com o correr do tempo, inevitavelmente, a amizade entre os dois egos descomunais foi se transformando em rivalidade, em que pese a fachada de encantamento recíproco. Afinal, os dois querem ser os reis ou sheiks da América Latina, mas, conforme se sabe, só pode haver um.

A questão é que se tanto um como o outro possui o mesmo apelo populista e a retórica fácil dos falastrões, o ditador de fato da Venezuela tem sido mais ágil, mais esperto, mais arrojado e mais criativo em seus intentos expansionistas.

Chávez tem adeptos fiéis em países latino-americanos, com destaque para Evo Morales, e sabe dominar com seus petrodólares por dentro de cada nação. No próprio Brasil compra escola de samba, implanta círculos bolivarianos, leva brasileiros pobres para fazer operação de catarata na Venezuela.

Acrescente-se que, enquanto o Brasil está com suas Forças Armadas sucateadas, o coronel venezuelano organizou o maior exército da América Latina e se aproximou do Irã por conta dos seus delírios de destruição atômica dos Estados Unidos. Ele conta também com o apoio de grupos paramilitares como as Farc, o MST e, provavelmente, o Sendero Luminoso.

Cresce, pois, a figura sinistra do ditador venezuelano à sombra do nebuloso socialismo do século XXI, rótulo que camufla sua ânsia de perpetuar-se no poder, sempre cultivando os três males que corroem a América Latina e a impedem de se desenvolver: o estatismo, o nacionalismo xenófobo e o populismo.

Porém, nada dura para sempre e Chávez começa a ter revezes. Levou um “no” da maioria dos venezuelanos quando do último plebiscito em que lançaria de vez os meios de não mais deixar o poder. Lula levou seu “não” em pesquisa do Ibope: 65% dos brasileiros não querem o 3º mandato. Mas Lula, que tem sorte, nunca levou um “porque não te calas”, real. Todavia, não faz mais o mesmo sucesso em países europeus.

Chávez, espertamente, armou um palco internacional e negociou com seus comparsas das Farc a libertação de duas reféns. Convidou o Brasil e lá se foi Marco Aurélio Garcia com seu chapéu de panamá, como se fosse o personagem do filme O Canibal. Fracassam as negociações com os sanguinários narcotraficantes. Chávez as retomou, mas sem Marco Aurélio. O intento era claro, desmoralizar Uribe, presidente colombiano. Nesse sentido o ditador pediu que se mudasse a denominação dos celerados guerrilheiros de terroristas para insurgentes, Afinal, coitadinhos, eles só seqüestram, torturam e matam seus prisioneiros, tudo, é claro, em nome do povo. Lula nunca aceitou a denominação de terroristas para os companheiros do Fórum de São Paulo. E não se fez de rogado para visitar na cadeia os seqüestadores de Abílio Diniz, apesar de dizer agora que abomina seqüestros.

Chávez é o sucessor de Castro na América Latina e apareceu em fotos com Fidel Castro quando o ditador cubano estava hospitalizado. No momento, quando a inflação avança, a economia mundial balança, a febre amarela mata mais do que em todo 2007, paira a ameaça de aumento de impostos e do apagão elétrico, pano rápido. Lá se vai Lula da Silva para mais uma viagem: Gautemala, destino Cuba, onde ganhou, como Chávez, seu momento de glória junto ao ditador. Pelo resplendor do rosto do presidente, não se sabe se ele se ajoelhou diante de Castro ou do “paredón” manchado de sangue dos dissidentes cubanos, para entregar ao ídolo 1 bi de dólares, fruto dos suados impostos pagos pelos brasileiros. Será que tal quantia ajudará, pelo menos, a fornecer papel higiênico para o cubanos que não conseguem fugir para os Estados Unidos?

Se aonde Chávez vai, Lula vai atrás, é bom que reflitamos onde queremos que o Brasil chegue.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Da série “Dona Marta”: Que Tem o Decote?


Que tem meu decote? Só faltava essa, agora! Metade pra fora, onde? Só um velho tarado como o senhor pode ver essas coisas e ficar assim, com esse vulto no pijama. Tenha santa paciência. Estes seios já amamentaram três filhos, patrão. Grandes, e daí? Meu marido gosta. Também gosta? E eu com isso? Amamentar um velhinho tadinho? Não me faça rir. Eu, heim? Pode se afastar que não tem disso, não. Vai tirando essas mãozinhas daí. Pelo amor de Deus, tá rasgando o sutiã! Peraí, deixa ajudar. Nossa! Que boca mais faminta! Nem meus filhos. Assim, desse jeito. Cuidado velho, vá com calma que tem teta demais pra pouca boca. Vai acabar sufocando. Morder, não. Só um pouquinho, pode. Sim, nas duas. Sim. Assim, pode. Velho tarado sabe. Onde aprendeu essas coisas? Tá bom assim. Doi não. Aperta mais um pouquinho. Mais. Ai! Sim, gostando sim, safadinho. Diferente de uma criança, claro, velhinho sem vergonha. Melhor que meu marido? Sei lá, é diferente. Ficaram durinhos é verdade. Morde só mais um pouquinho. Isso. Assim. Fica fazendo isso com a língua. Que coisa mais... Mais, boa. Ah, se meu marido souber! E... Dona Marta! Já levo o café pra senhora!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Da série “Dona Marta”: No elevador

O que é isso, seu Mário? Botando essa coisa pra fora, dentro do elevador? Tem vergonha não, homem velho desse jeito? Tô nem olhando! Por mim, pode guardar que nem tô nem aí. Não encosta em mim, seu Mário. Pode entrar gente a qualquer hora, qualquer andar. Pode parar, velhinho, que não vou nem mexer. Magina, nada que ver!... Daquela vez foi no terraço. É diferente, noite e escuro, mas dava para ver se alguém assomasse... Tá, só um pouquinho, uma apertadinha só e depois bota essa vergonha pra dentro da calça, por favor... Aqui, no elevador? Deve estar mesmo, só louco para pedir coisa dessas. E já tamos chegando no andar... Não diga essas coisas, seu Mário, velho safadinho... Só um pouquinho. Ah! Se meu marido souber e se dona Marta... Pronto, Olh’aí, não falei? Chegamos... Dona Justina! Vai descé? Nós tamos subindo. Tá bem, obrigada. Até mais ver! Viu, safado?Justo a mulher do síndico! Meu Deus, será que ela percebeu?... Como, e daí? Fico queimada no prédio, depois quem vai me dar serviço se um dia eu tiver que sair de sua casa? Pronto, chegamos, graças a Deus!

Em campanha

Um senador está andando tranqüilamente quando é atropelado e morre.
A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.
-'Bem-vindo ao Paraíso!'; diz São Pedro
-'Antes que você entre, há um probleminha.
Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.
-'Não vejo problema, é só me deixar entrar', diz o antigo senador.
-'Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte:
Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.
-'Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o senador.
-'Desculpe, mas temos as nossas regras. '
Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.
A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe.
Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado. Todos muito felizes em traje social. Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo. Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar. Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas. Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora. Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe. Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele.
Agora é a vez de visitar o Paraíso.
Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.
Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.
-' E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso.
Agora escolha a sua casa eterna.' Ele pensa um minuto e responde:
-'Olha, eu nunca pensei .. O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno.'
Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.
A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo.
Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos.
O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do senador.
-' Não estou entendendo', - gagueja o senador -
'Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo.
Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!'
O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:
-'Ontem estávamos em campanha. Agora, já conseguimos o seu voto...'

A última foto: Como era minha tia

Dos brinquedos: Meu 1° avião

Teste de surdez na 3ª idade

Um velho telefona ao médico para marcar uma consulta para a sua mulher.
A atendente lhe pergunta:- Qual o problema de sua esposa?
- Surdez. Não ouve quase nada.
- Então o senhor vai fazer o seguinte: antes de trazê-la, fará um teste, para facilitar o diagnostico do médico. Sem que ela esteja olhando, o senhor, a uma certa distância, falará em tom normal, até que perceba a que distância ela consegue ouvi-lo. Então quando vier, dirá ao médico a que distância o senhor estava quando ela o ouviu.
Certo?
- Está certo.
À noite, quando a mulher estava preparando o jantar, o velhote decidiu fazer o teste. Mediu a distância que estava em relação à mulher. e pensou:
'Estou a 15 metros de distância. Vai ser agora!'
- Maria... o que temos para jantar?
Nada. silêncio.
Aproxima-se 5 metros.
- Maria... o que temos para jantar?
Nada. silêncio.
Fica à distância de 3 metros:
- Maria... o que temos para jantar?
Silêncio.
Por fim, encosta-se às costas da mulher e volta a perguntar:
- Maria! O que temos para jantar?
- Frango, seu surdo! É a quarta vez que te respondo!

Divonilda / de Dennis D.

Divonilda tentou ler Madame Bovary cento e quarenta e duas vezes. Sempre empacava no mesmo ponto – aquele, logo nas primeiras páginas, em que Flaubert nos descreve um incidente ocorrido com o menino Charles Bovary. O garoto, novato na classe, se atrapalha com seu estranho boné e é alvo da zombaria dos colegas. Depois, o professor castiga a todos e determina que Charles conjugue vinte vezes o verbo ridiculus sum. Justamente nesse ponto da leitura, o do verbo, Divonilda colocava o livro de lado e ia tratar de fazer qualquer outra coisa.
Certo dia, ao tomar assento num banco de praça, ela notou que ao seu lado estava sentado um senhor de cabelos brancos. Ele trazia ao colo – coisa mais interessante! - um exemplar de Madame Bovary. E sendo tal homem possuidor de um semblante pacífico, quase clerical, ela resolveu comentar: "Eu já quis ler esse livro, sabe? Umas tantas vezes eu tentei, mas nunca passei das primeiras páginas."
O homem olhou-a com bondade.
"Pois desista de uma vez por todas, minha filha. Deixe o livro pra lá. Nunca mais o toque, é o conselho que lhe dou. Há leitores que fazem muito mal aos livros. Livros se deprimem, livros se desesperam, rompem as próprias costuras, envenenam-se a si próprios com fungos fatais, chamam a si as esfaimadas traças papa-papel, suicidam-se enfim. E o fazem por quê? Justamente porque são manuseados por leitores do seu tipo, minha filha. Deixe os livros em paz, tenha piedade deles e divirta-se com os programas de televisão, ou com os filmes de amor. Você é perigosa para os livros, filha. Se você entrar numa livraria, as estantes hão de tremer. Basta prestar bem atenção. Se tiver bons ouvidos, filha, você há de escutar gemidos, gritos, pedidos de socorro vindos de todos os cantos. Seja boazinha, desista dos livros em geral. Nada de leituras, você não é disso, eu sei, eu sinto."
Divonilda teve um sobressalto: "Perdão, eu me distraí. O que o senhor disse mesmo?"
O homem perguntou: "Em que ponto parou de ouvir, filha?"

Não me pertence mais