terça-feira, 24 de abril de 2007

PSICANÁLISE: Freud


"Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim."
Sigmund Freud

"É meu amigo aquele que me socorre, não o que me conforma"
Es amigo mío aquel que me socorre, no el que me compadece.
Freud

Há numerosos indivíduos civilizados que recuariam aterrados perante a idéia do assassínio ou do incesto, mas que não desdenham satisfazer a sua cupidez, a sua agressividade, as suas cobiças sexuais, que não hesitam em prejudicar os seus semelhantes por meio da mentira, do engano, da calúnia, contanto que o possam fazer com impunidade.
Sigmund Freud


S. Freud
"Sería muito simpático que existisse deus, que tivesse criado o mundo e fosse uma benevolente Providencia; que existissem uma orden moral no universo e uma vida futura; mas é um fato sorpreendente que todo isto seja exatamente o que nos sentimos obrigados a desejar que exista."

Sería muy bueno que dios existiese, que hubiera creado el mundo y fuese benévola Providencia; que existiese un orden moral en el universo y una
vida futura; pero es un hecho sorprendente que todos esto sea exactamente lo que nos sentimos obligados a querer que exista.
Sigmund Freud

"O sentimento de felicidade derivado da satisfação de um impulso selvagem instintivo não domado pelo ego é incomparavelmente mais intenso do que o derivado da satisfação de um instinto que já foi dominado."
"O homem civilizado trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança."
Sigmund Freud

"O homem é um organismo animal com (como outros) uma disposição bissexual inequívoca. O individuo corresponde a uma fusão de duas metades simétricas, uma das quais, (...) é puramente masculina, e a outra, feminina. (...). O sexo constitui um fato biológico que, embora de extraordinária importância na vida e na saúde mental, é dificil de apreender psicologicamente. Acostumamo-nos a dizer que todo ser humano apresenta impulsos, necessidades e aributos instintivos tanto masculinos quanto femininos, e, ainda que a anatomia, é verdade, possa indicar essas características, a psicologia não pode. Para esta, o contraste entre os sexos se desvanece num contraste entre atividade e passividade, no qual identificamos, de forma excessivamente imediata, a atividade com a masculinidade e a passividade com a feminidade, opinião de modo algum universalmente confirmada no reino animal. A teoria da bissexualidade ainda está cercada por muitos pontos obscuros, e não podemos deixar de sentir como um sério impedimento na psicanálise o fato de que ainda não tenha sido descoberto nenhum elo com a teoria dos instintos. Seja como for, se considerarmos verdadeiro o fato de que todo individuo busca satisfazer tanto desejos masculinos quanto femininos em sua vida sexual, ficamos preparados para a possibilidade de que esses dois conjuntos de exigências não sejam satisfeitos pelo mesmo objeto e que interfiram um com o outro, a menos que possam ser mantidos separados e cada impulso orientado para um canal especifico que lhe seja apropriado.
(...) Quanto ao individuo sexualmente maduro, a escolha de um objeto restringe-se ao sexo oposto, estando as satisfações extragenitais, em sua maioria proibidas como perversões. A exigência, demonstrada nessas proibições, de que haja um único tipo de vida sexual para todos, não leva em consideração as dessemelhanças inatas ou adquiridas, na constituição sexual dos seres humanos; cerceia, em bom número deles, o gozo sexual, tornando-se assim fonte de grave injustiça. (...) No entanto, o próprio amor genital heterossexual, que permaneceu isento de proscrição, é restringido por outras limitações, apresentadas sob a forma da insistência na legitimidade e na monogamia."

FRASES Machado de Assis

<(Machado, aos 35 anos)


"Quando houvesse alguma intenção sexual, quem me provaria que não era mais que uma sensação fulgurante, destinada a morrer com a noite e o sono?" (Dom Casmurro, p. 336).

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria"

"Um dia, quando já não houver império britânico nem república norte-americana, haverá Shakespeare; quando se não falar inglês, falar-se-á Shakespeare."

"Contra a conspiração da indiferença, tem V. Exa um aliado invencível: é a conspiração da posteridade."

ILUSÃO
"Alguma coisa sempre escapa ao naufrágio das ilusões" (Machado de Assis)

POESIA
"Há pessoas para as quais o crepúsculo é o prolongamento da aurora"
(Machado de Assis)

PRAZER
"Vale a pena comprar o prazer de uma hora por alguns dias de enfado"

VIDA
"Vivo mais em cinco minutos de solidão do que em vinte anos de bulício"
JUSTIÇA
"É claro que a justiça, sendo cega, não vê se é vista, e então não cora"

"Tinha em flor todas as ilusões da juventude" (Machado de Assis)

"Nem só de pão vive o homem. Vive de pão e de crédito"

"Somos todos criados com três ou quatro idéias que, em geral, são o nosso farnel de jornada"

"Era uma criança querendo ser moça, um lindo prefácio de mulher"


"Está morto : podemos elogiá-lo à vontade"

"Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem.
O minuto que vem é forte, jocundo, supõe trazer em si a eternidade, e traz a morte, e perece como o outro, mas o tempo subsiste."

AMIGO
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra nem se vende
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona nem se rende
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam todos os amigos, que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direcção é a base, quando falta o chão.

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros de real sagacidade.

Ter amigos... é a melhor cumplicidade !

Machado de Assis

Ernesto SÁBATO


--------
O ESCRITOR E SEUS FANTASMAS
ERNESTO SÁBATO
"A existência é trágica por sua radical dualidade, por pertencer, ao mesmo tempo, ao reino da natureza e ao reino do espirito: enquanto corpo somos
natureza, e, em conseqüência, perecíveis e relativos; enquanto espirito participamos do absoluto e da eternidade. A alma puxada para cima por
nossa ânsia de eternidade e condenada à morte por sua encarnação, parece ser a verdadeira representante da condição humana e a autentica sede de
nossa infelicidade.
Poderíamos ser felizes como animais ou espirito puro, mas não como seres
humanos".
Nietzsche/Sábato

"Que é um criador? É um homem que, em algo 'perfeitamente' conhecido,
encontra aspectos desconhecidos. Mas, sobretudo, é um exagerado"
Sábato

"Quê? Querem uma originalidade absoluta? Não existe. Nem na arte nem em nada. Tudo se constrói sobre o anterior, e em nada do que é humano se pode encontrar pureza. Os deuses gregos também eram híbridos e estavam 'infectados' de religiões orientais e egípcias".

"Qual é minha pátria? Crescemos bebendo a nostalgia européia de nossos pais, ouvindo falar da terra distante, de seus mitos e contos, vendo quase suas montanhas e seus mares. (...) Mas também, em momentos de solidão naquelas cidades, sentimos que nossa terra era esta, estava aqui na pampa e no vasto rio, pois a pátria, não é senão a infância, alguns rostos, algumas lembranças.(...) deste modo Shakespeare foi o maior escritor da Inglaterra escrevendo tragédias que, às vezes, nem mesmo se desenrolavam em sua pátria".

"Pois é um erro imaginar que a metafísica se encontra unicamente nos vastos tratados filosóficos, quando, como observou Nietzsche, a encontramos na rua, nas tribulações do modesto homem de todos os dias".

"Estamos no final de uma civilização, e em um de seus confins. Submetidos a uma dupla ruptura no tempo e no espaço, estamos submetidos a uma experiência duplamente dramática. Perplexos e angustiados, somos atores de uma obscura tragédia, sem ter por trás o respaldo de uma grande cultura indígena (asteca, inca) e sem poder, tampouco, reivindicar de modo cabal a tradição de Roma ou Paris."

"Desde nossas instituições até nossa arte, tudo está sendo questionado, e questionado em uma atmosfera de tormentoso nervosismo. Quem somos? Para onde vamos? Qual é nossa verdade nacional/ Somos algo novo, está gestando aqui algo relamente original, neste caos de sangue e cultura?"

"Não há outra forma de se alcançar a eternidade senão afundando no instante, nem outra forma de chegar à universidade senão através da própria circunstância: o aqui e agora. A tarefa do escritor seria a de entrever os valores eternos que estão implícitos no drama social e político de seu tempo e lugar".

"O homem de hoje vive em alta tensão, ante o perigo da aniquilação e da morte, da tortura e da solidão. É um homem de situações extremas, chegou ou está frente aos limites últimos de sua existência. A literatura que o descreve e interroga não pode ser, pois, senão uma literatura de situações excepcionais".

"Seja qual for a coisa que se quer dizer, não há senão uma palavra para expressa-la, um verbo para anima-la e um adjetivo para qualifica-la. É preciso, então, buscar até descobri-los, essa palavra, esse verbo e esse adjetivo, e jamais se contentar com o aproximativo, nem jamais recorrer a fraudes, mesmo felizes, a palhaçadas de linguagem para evitar a dificuldade"(Maupassant)

"ninguém pode criar um personagem maior que ele mesmo, e se o apanha da história o rebaixará até seu próprio nível".

"Lançado cegamente à conquista do mundo externo, preocupado tão somente com o manejo das coisas, o homem acabou por se coisificar a si mesmo, caindo no mundo bruto onde rege o cego determinismo. Empurrado pelos objetos, títere da mesma circunstância que havia contribuído a criar, o homem deixou de ser livre e se tornou tão anônimo e impessoal como seus instrumentos. Já não vive no tempo originário do ser, senão no tempo de seus próprios relógios. É a queda do ser no mundo, é a exteriorização e a banalização de sua existência. Ganhou o mundo mas perdeu a si próprio. Até que a angustia o desperta, embora o desperte para um universo de pesadelo. Cambaleante e ansioso, busca novamente o caminho de si mesmo, em meio às trevas. Algo lhe sussurra que, apesar de tudo, é livre ou pode sê-lo, que de qualquer forma não é equiparável a uma engrenagem."

"Ocorre que, com freqüência, confunde-se transformação com decadência, porque se avalia o novo com os critérios que serviram para o velho".

"É bastante singular que se pretenda valorar a ficção do século XX com os cânones do século XIX, um século em que o tipo de realidade que o romancista descrevia era tão diferente da nossa como um tratado de frenologia de um ensaio de Jung."

"Um mau escritor ou um principiante pode incorrer na tentação de incluir uma autêntica carta de amor em um romance, com o resultado de que se torna falsa, ao ser desprendida da complicada magia que, na vida real, formava seu suporte e seu contorno. A realidade na qual vivem os seres humanos, e mesmo apenas a realidade externa que tanto preocupava aqueles narradores, é infinita, tem raízes que se estendem em todas as direções, sofre o reflexo de todas as luzes e os efeitos das mais remotas causas: todo corte é automaticamente falsificador. De modo que aqueles supostos realistas eram irrealistas da mais curiosa espécie. O paradoxo da criação do romance consiste em que o escritor deve dar em uma obra que é forçosamente finita uma realidade que é fatalmente infinita. Para consegui-lo, não pode recorrer ao corte mas à recriação: e deve proceder com aquela carta de amor de modo semelhante as falsas perspectivas que usam os cenógrafos que são falsas precisamente para dar a sensação de verdade".

CORPO, ALMA E LITERATURA
"O vitalismo de Nietzsche culmina na fenomenologia existencial, pois supera o mero biologismo sem renunciar à integridade concreta do ser humano. Para Heidegger, com efeito, ser homem é ser no mundo, e isso é possível através do corpo: o corpo é o que nos individualiza, o que nos dá uma perspectiva do mundo, desde o "eu e aqui". Não mais o observador imparcial e ubíquo da ciência ou da literatura objetivista, mas este eu concreto, encarnado em um corpo. Nesse corpo que me converte em "um ser para a morte". Daí a importância metafísica do corpo.
Essa concretude da nova filosofia caracterizou sempre a literatura, que jamais deixou de ser antropocêntrica, embora muitos de seus teóricos paradoxalmente assim o quisessem. Essa concretude restituiu ao homem sua autêntica condição trágica. A existência é trágica por sua radical dualidade, por pertencer, ao mesmo tempo, ao reino da natureza e ao reino do espírito: enquanto corpo somos natureza, e, em conseqüência, perecíveis e relativos; enquanto espírito participamos do absoluto e da eternidade. A alma puxada para cima por nossa ânsia de eternidade e condenada à morte por sua encarnação, parece ser a verdadeira representante da condição humana e a autêntica sede de nossa infelicidade. Poderíamos ser felizes como animal ou espírito puro, mas não como seres humanos".

PROSA E POESIA
"A prosa é o diurno, a poesia é a noite; se alimenta de monstros e símbolos, é a linguagem das trevas e dos abismos. Não há grande romance, pois, que em última instância não seja poesia."

DO ESTILO
"O estilo é o homem, o indivíduo, o único: sua maneira de ver e sentir o universo, sua maneira de 'pensar' a realidade, ou seja, essa maneira de mesclar seus pensamentos a suas emoções e sentimentos, a seu tipo de sensibilidade, a seus preconceitos e manias, a seus tiques. (...) A ciência é genérica e a arte é individual; e por isso há estilo na arte e não há em ciência. A arte é a maneira de ver o mundo de uma sensibilidade intensa e curiosa, maneira que é própria de cada um de seus criadores, e intransferível. Os retóricos consideravam o estilo como ornamento, como uma linguagem festiva. Quando, em verdade, é a única forma pela qual um artista pode dizer o que tem a dizer. E se o resultado é insólito, não é porque a linguagem o seja, senão porque o é a maneira que tem esse homem de ver o mundo".

A ARTE
"Não se faz arte, nem a sentimos, com a cabeça, mas com o corpo inteiro; com os sentimentos, os pavores, as angústias e até mesmo os suores".

TENACIDADE DO CRIADOR
"Um pensamento profundo está em devir contínuo, abarca a existência de uma vida e se amolda a ela. (...) E ainda: A criação é a mais eficaz de todas as escolas de paciência e lucidez. É também o testemunho transtornador da única dignidade do homem: a revolta tenaz contra sua condição, a perseverança num esforço considerado estéril. Exige um esforço quotidiano, o domínio de si mesmo, a apreciação exata dos limites do verdadeiro, a medida e a força. Constitui uma ascese. Tudo isso "para nada", para repetir e espernear. Mas talvez a grande obra de arte tenha menos importância em si mesma que na prova que exige a um homem e na ocasião que lhe proporciona de vencer seus fantasmas e de se aproximar um pouco mais da realidade nua".
Ernesto Sábato/Miguel Angel
--------
ANTICIPO
El último libro de Sabato/2004

Esta semana se publica "España en los diarios de mi vejez". En estas crónicas de viaje aparecen las reflexiones,las observaciones y los miedos de un Sabato íntimo. Viva ofrece un anticipo del texto.
-------------------------------------------------------------------------------
Jueves (en Madrid)

Me siento a escribir lo que me va saliendo, para asirme a algo, como uno pudiera tomarse de un tronco en la crecida de un gran río, o como si lo escrito pudieran ser mojones que me recordarán el camino cuando esté perdido; como frecuentemente me sucede en estos años cuando a cada paso enfrento un precipicio.

(...) Le voy dictando a Elvirita (N. de la R.: su constante compañía), y busco en algún fondo inhallable de mí, las escenas o los momentos, que quiero contar. A veces aparecen borrosas, a veces se muestran y luego se van, es casi una cacería. La vida me ha ido quitando posibilidades que antes fueron mías, y a cambio me estuviera dejando el escribir como un último don. Cuando las pérdidas parecen cubrirme los ojos, escribir y pintar me renacen.

Escribir como lo último que me va quedando.

También los afectos. Siempre.


Visita al museo del Prado

Caminando despacio hemos ido hasta el correo de Cibeles.

Me detengo a mirar esa zona en que Madrid se ensancha, donde grandes y antiguos paseos trepan hacia la Puerta de Alcalá, por un lado, y por el otro, hacia la Puerta del Sol.

Pero prefiero la sombra, entonces apurados salimos de las avenidas y nos vamos lentamente bajo los árboles del Paseo del Prado, hacia el Museo. Nunca miro más que a un pintor, lo contrario hasta me parece una falta de respeto. Esta vez sólo algún cuadro de Goya. El Goya oscuro, el feroz, el desgarrador Goya me sigue deslumbrando. Y también El Bosco. Cuánta incomprensión habrán sufrido estos creadores geniales en su época. Uno, por advertir los monstruos terribles que ocultaba en su vientre la diosa razón, con sus toros y aquelarres. El otro, con sus seres híbridos y deformes, anunciando las desgracias de un mundo que se mueve compulsivamente tras la riqueza y los bajos placeres. Reyes a caballo junto a fieras mitad humanos, junto a minúsculas escenas de matanzas y sacrificios. Aquellos símbolos habrán sido considerados esquivos y desafiantes en su tiempo. Hoy se nos aparecen con toda lucidez, como trágico acabamiento de un modo de vivir y concebir la existencia.

Como autómata, como cuando de chico me levantaba sonámbulo, me dirijo hacia Goya.

Y elijo un cuadro, un solo cuadro y me detengo.

El pintor de los monstruos; el que pintó magistralmente con humo y sangre. El Dos de Mayo. Lo miro de a poco, como si lo tanteara y me sumergiera en él. Fue en 1814 cuando Goya en su taller pintaba la batalla. Sí, están ahí, son hombres fuertes peleando por su tierra; peleando por Madrid.

(...)

De pie frente al cuadro de pronto comprendo que estoy, en este mismo momento, por el misterio de lo imaginario, en mi propio taller sintiendo entre los dedos la ansiedad del pincel.


Jueves en el café de la vuelta

Ayer por la tarde, después de volver a corregir una de las conferencias, caminamos unas cuadras y ya con frío entramos a un bar del viejo Madrid. No más pasar la puerta me ensordece el alegre griterío, el humo y las risas que rebalsan el local; con dificultad avanzo hasta sentarnos contra una pared como para tener donde atrincherarme. Es un café típico, quiero decir típico de antes, de cuando lo moderno aún no había hecho estragos en España.

Este es un reducto anticuado, con mesas de madera y sillas tipo Viena, percheros de hierro y lámparas que parecen de opalina. A un lado, la barra repleta de parroquianos que vociferan a los gritos sus preferencias en el fútbol. Después de una breve pero ardua lucha con mi carácter molesto, impaciente, nervioso, intolerante, rescaté mi lado observador y me dispuse a gozar de los madrileños en su caldo. Lo primero que sorprende es ver en las mesas a familias enteras, algo impensable en Buenos Aires. Hay abuelos, hijos jóvenes, nietos, sin problemas generacionales ni historias. Todos hablan a la vez y a los gritos.

Los miro y más me doy cuenta que están todos de fiesta, que la vida es para ellos una fiesta, podrían decirme “vea tío, mejore la cara, pues, aquí se viene a celebrar”. Y me río al pensarlo, tan distintos de mí, ¡tan distintos de mi educación severa! ¿Quién de nosotros se hubiera atrevido a hablar y reír sin reparos delante de nuestro padre?

Hay marcas que son estigmas. Durante mi infancia era sonámbulo y tenía permanentes pesadillas; con los años, con vergüenza y dolor, reconocí que la pesadilla consistía en verme sentado, a solas, con mi padre. ¿Quién hubiera osado reírse de él, o tocarle un papel, o aunque más no fuera a hacerle una pregunta personal? Así me crié hace muchos años.


Sábado

Ayer temprano en la tarde llamaron de la editorial para decir que de ninguna manera podíamos ir al Bernabeu. Estaban agitados y no parecieron escuchar razones: la ETA había hecho estallar una bomba enfrente mismo del estadio. Ni pensarlo, fuimos igual.
(...) Fue un partidazo.

Quiero agradecerle a Valdano esta oportunidad de volver a ser joven, nuevamente como en aquellos partidos entre Estudiantes de La Plata y Gimnasia y Esgrima. En perpetua y feroz rivalidad. Yo era rompecanillas, así me decían, muy violento; me apasionaba, pero tuve que dejar porque tenía la mollera débil. Salimos de la cancha antes de que terminara el partido y así y todo, la salida fue brava porque yo insistí en bajar a la calle. Estos riesgos me rejuvenecieron. Y dentro de un rato salimos lo más bien para Santiago de Compostela. Los riesgos rejuvenecen, claro, si uno sale vivo.

------
Otra tarde

Estoy alejándome de la vida de esta vida,
La miro con emoción como si ya estuviera fuera de mí.
(Estou me afastando da vida desta vida
Olho-a com emoção como se ja estivesse fora de mim)

O, más bien, como sentado en esas mesas de café que están en las veredas desde donde uno puede ver pasar la gente, y oírlos hablar. A veces nítidamente veo el caminar de hombres y mujeres. De pronto me sonríen.

Pero otras veces, confusamente, como detrás de una nube, o de mis lágrimas.

Soy injusto, siempre hay alguien conmigo.

Pero la vida se aleja.


12 de junio (en Santos Lugares)

Ayer sucedió algo que me obliga a interrumpir la cronología de los hechos. El príncipe de Asturias venía a la Argentina y quiso venir a visitarme. Su gesto me produjo una gran alegría.

Vino directo del aeropuerto. El barrio nunca había visto tanto despliegue que precedió a su llegada ni oído tanta sirena. Pero en cambio, cuando llegó se comportó con una sencillez, una llaneza como sólo lo sabe hacer un rey. Y en ese clima transcurrieron las dos horas en que estuvo en casa. Hablamos de literatura, miró mis cuadros y recorrió esta vieja casa, con su mirada limpia y sensible. Dada su alegría, Elvira a la salida me dijo por lo bajo “parece estar enamorado”. Creo que lo oyó y que ha de ser cierto porque se dio vuelta y sonrió.


29 de junio

Me he quedado mirando mi biblioteca.

¡Cuántos libros he leído que no volveré a abrir!
Es triste.
Miro a esos escritores que fueron verdaderos compañeros de camino. Toco los libros como si por tocarlos me fueran a escuchar. (...) Hace años que no puedo leer, ya he olvidado todo aquello que había aprendido; y lo que es más fuerte aún, ya no tengo aquella ansia de saber. Sin embargo sigo gozando cuando me leen.
(Quantos livros lí que não voltaré a abrir!
È triste.
Olho para esses escritores que foram verdadeiros companheiros de caminho. Toco os libros como se por tocarlos me fossem a escutar. (...) Faz anos que nao posso ler, ja esqueci todo aquilo que havia aprendido; e o que é mais forte ainda, ja não tenho aquela ansia de saber. Contudo continuo gozando quando me leem.)
----
Madrid

He estado afirmando la reencarnación.

Elvirita no entra en la discusión, ni argumenta, lo que me irrita. Dice que ni cree ni descree, sólo que no le gusta esa idea de volver, como actores en otra obra, pero sin experiencia, siempre empezando de nuevo, no sabe, no le gusta.

Le insisto con mi sensación. Hombres geniales han creído en la reencarnación; es esa conocida sensación que tienen ciertas personas de que ya han estado en ese lugar; o quienes aseguran que ya vivieron eso mismo que les acontece. A mí me pasa.

Ella me escucha, pero distraídamente. Insisto (...). No quedan dudas, la reencarnación es un hecho demostrable. Existe.
Elvira con calma, como si también lo suyo fuese un hecho, y esta vez inapelable, dice: “Cuando te reencarnes , vas a ser mujer”.

Yo di un grito desesperado, no lo pude contener.

Sonríe victoriosa, ¿ves? ésta es tu verdadera posición frente a la mujer, ya que si fuese verdad que te parecieran superiores y admirables, hubieras reaccionado con alegría.

Inútil fue argumentar que mi sobresalto se debía al sacrificio y abnegación que le atribuyo a las mujeres.

Terminamos riéndonos con unas copas de vino
----------------------
Dice Sábato: "Puede parecer un acto de horrible esnobismo que tres crisis fundamentales de mi vida se sucedieran en París, pero efectivamente así fue. La primera se produjo en el invierno de 1935, cuando yo era un muchacho de 24 años. Desde 1930 milité en la Juventud Comunista, cuando la dictadura del general Uriburu. Abandoné estudios, familia y mis comodidades burguesas. Viví con nombre supuesto en La Plata, en cuyos suburbios estaban los dos frigoríficos más grandes del país, donde se explotaba despiadadamente a toda clase de inmigrantes, que vivían amontonados en tugurios de zinc, rodeados de pantanos de aguas podridas. Repartíamos manifiestos, participábamos de la organización de huelgas. Hacia 1933 fue ya secretario de la Juventud Comunista, cuando habían empezado mis dudas sobre el estalinismo, y entonces resolvieron mandarme a las Escuelas Leninistas de Moscú, a purificarme. Si hubiese ido, no habría vuelto jamás vivo. Tenía que pasar previamente por Bruselas, por un congreso contra el fascismo y allí supe con horrendos detalles de los "procesos" de Moscú. Me escapé a París, viví un invierno muy duro en la piecita de un compañero disidente, mientras el partido me buscaba. Logré volver a la Plata, donde proseguí mi carrera en física-metemática. Cuando terminé mi dieron una bourse para trabajar en el laboratorio Curie, donde trabajé durante casi un año y, allí en París, asistí a la ruptura del átomo de uranio, que se disputaban tres laboratorios: ganó la "carrera" un alemán. Pensé que era el comienzo del Apocalipsis. Viví en una confusión horrible, mientras escribía mi primera novela y cometí la infamia de dejar que Matilde se volviera a la Argentina con nuestro primer hijo, de pocos meses, mientras yo tenía una amante rusa. La tercera crisis fue consecuencia de todo esto, y de mi vínculo con los surrealistas: Domínguez, Matta, Wifredo Lam y otros. En otro día de invierno fuimos con Domínguez, a la tarde, al Marché aux Puces y volvimos después en el Metro hasta Montparnasse, donde tenía su estudio Domínguez. En la calle, ya era de noche, en un especie de nevisca, Domínguez se detuvo y me dijo:"¿Qué te parece si esta noche nos suicidamos juntos ?" No era una broma, era muy propenso, como lo probó años después. Yo me negué, aunque también me atraía el suicidio: me salvó mi instinto, y aquí estoy, junto a la Matilde de todos los tiempos, una de esas "mujeres fuertes de la Biblia", que está muriendo, en medio del dolor más profundo de mi vida, en el final de una existencia muy compleja." (Ernesto Sábato, 24 de enero de 1995)


III. Informe sobre ciegos (parte I)

¿Cuándo empezó esto que ahora va a terminar con mi asesinato? Esta feroz lucidez que ahora tengo es como un faro y puedo aprovechar un intesísismo haz hacia vastas regiones de mi memoria: veo caras, ratas en un granero, calles de Buenos Aires o Argel, prostitutas y marineros; muevo el haz y veo cosas más lejanas: una fuente en la estancia, una bochornosa siesta, pájaros y ojos que pincho con un clavo. Tal vez ahí, pero quién sabe: puede ser mucho más atrás, en épocas que ahora no recuerdo, en períodos remotísimos de mi primera infancia. No sé. ¿Qué importa, además?
Recuerdo perfectamente, en cambio, los comienzos de mi investigación sistemática (la otra, la incosciente, acaso la más profunda, ¿cómo puedo saberlo?). Fue un día de verano del año 1947, al pasar frente a la Plaza de Mayo, por la calle San Martín, en la vereda de la Municipalidad. Yo venía bastante abstraído, cuando de pronto oí una campanilla, una campanilla como de alguien que quisiera despertarme de un sueño milenario. Yo caminaba, mientras oía la campanilla que intentaba penetrar en los estratos más profundos de mi conciencia: la oía pero no la escuchaba. Hasta que de pronto aquel sonido tenue pero penetrante y obsesivo pareció tocar alguna zona sensible de mi yo, alguno de esos lugares en que la piel del yo es finísima y de sensibilidad anormal: y desperté sobresaltado, como ante un peligro repentino y perverso, como si en la oscuridad hubiese tocado con mis manos la piel helada de un reptil. Delante de mí, enigmática y dura, observándome con toda su cara, vi a la ciega que vende allí baratijas. Había cesado de tocar su campanilla; como si sólo la hubiese movido para mí, para despertarme de mi insensato sueño, para advertir que mi existencia anterior había terminado como una estúpida etapa preparatoria, y que ahora debía enfrentarme con la realidad. Inmóvil, con su rostro abstracto dirigido hacia mí, y yo paralizado como por una aparición infernal pero frígida, quedamos así durante esos instantes que no forman parte del tiempo si no que dan acceso a la eternidad. Y luego, cuando mi conciencia volvió a entrar en el torrente del tiempo, salí huyendo.
De ese modo empezó la etapa final de mi existencia.
Comprendí a partir de aquel día que no era posible dejar transcurrir un solo instante más y que debía iniciar ya mismo la exploración de aquel universo tenebroso.
Pasaron varios meses, hasta que en un día de aquel otoño se produjo el segundo encuentro decisivo. Yo estaba en plena investigación, pero mi trabajo estaba retrasado por una inexplicable abulia, que ahora pienso era seguramente una forma falaz del pavor a lo desconocido.
Vigilaba y estudiaba los ciegos, sin embargo.
Me había preocupado siempre y en varias ocasiones tuve discusiones sobre su origen, jerarquía, manera de vivir y condición zoológica. Apenas comenzaba por aquel entonces a esbozar mi hipótesis de la piel fría y ya había sido insultado por carta y de viva voz por miembros de las sociedades vinculadas con el mundo de los ciegos. Y con esa eficacia, rapidez y misteriosa información que siempre tienen las logias y sectas secretas; esas logias y sectas que están invisiblemente difundidas entre los hombres y que, sin que uno lo sepa y ni siquiera llegue a sospecharlo, nos vigilan permanentemente, nos persiguen, deciden nuestro destino, nuestro fracaso y hasta nuestra muerte. Cosa que en grado sumo pasa con la secta de los ciegos, que, para mayor desgracia de los inadvertidos, tienen a su servicio hombres y mujeres normales: en parte engañados por la Organización; en parte, como consecuencia de una propaganda sensiblera y demagógica; y, en fin, en buena medida, por temor a los castigos físicos y metafísicos que se murmura reciben los que se atreven a indagar en sus secretos. Castigos que, dicho sea de paso, tuve por aquel entonces la impresión de haber recibido ya parcialmente y la convicción de que los seguiría recibiendo, en forma cada vez más espantosa y sutil; lo que, sin duda a causa de mi orgullo, no tuvo otro resultado que acentuar mi indignación y mi propósito de llevar mis investigaciones hasta las últimas consecuencias.
Si fuera un poco más necio podría acaso jactarme de haber confirmado con esas investigaiones la hipótesis que desde muchacho imaginé sobre el mundo de los ciegos, ya que fueron las pesadillas y alucinaciones de mi infancia las que me trajeron la primera revelación. Luego, a medida que fui creciendo, fue acentuándose mi prevención contra esos usurpadores, especie de chantajistas morales que, cosa natural, abundan en los subterráneos, por esa condición que los emparenta con los animales de sangre fría y piel resbaladiza que habitan en cuevas, cavernas, sótanos, viejos pasadizos, caños de desagües, alcantarillas, pozos ciegos, grietas profundas, minas abandonadas con silenciosas filtraciones de agua; y algunos, los más poderosos, en enormes cuevas subterráneas, a veces a centenares de metros de profundidad, como se puede deducir de informes equívocos y reticentes de espeleólogos y buscadores de tesoros; lo suficiente claros, sin embargo, para quienes conocen las amenazas que pesan sobre los que intentan violar el gran secreto.
Antes, cuando era más joven y menos desconfiado, aunque estaba convencido de mi teoría, me resistía a verificarla y hasta a enunciarla, porque esos prejuicios sentimentales que son la demagogia de las emociones me impedían atravesar las defensas levantadas por la secta, tanto más impenetrables como más sutiles e invisibles, hechas de consignas aprendidas en las escuelas y los periódicos, respetadas por el gobierno y la policía, propagadas por las instituciones de beneficencia, las señoras y los maestros. Defensas que impiden llegar hasta esos tenebrosos suburbios donde los lugares comunes empiezan a ralearse más y más, y en los que empieza a sospecharse la verdad.
Muchos años tuvieron que transcurrir para que pudiera sobrepasar las defensas exteriores. Y así, paulatinamente, con una fuerza tan grande y paradojal como la que en las pesadillas nos hacen marchar hacia el horror, fui penetrando en las regiones prohibidas donde empieza a reinar la oscuridad metafísica, vislumbrando aquí y allá, al comienzo indistintamente, como fugitivos y equívocos fantasmas, luego con mayor y aterradora precisión, todo un mundo de seres abominables.
Ya contaré cómo alcancé ese pavoroso privilegio y cómo después de años de búsqueda y de amenazas pude entrar en el recinto donde se agita una multitud de seres, de los cuales los ciegos comunes son apenas su manifestación menos impresionante.
------------
I. El dragón y la princesa (parte IX)





--Aquí es --dijo.
Se sentía el intenso perfume a jazmín del país. La verja era muy vieja y estaba a medias cubierta con una glicina. La puerta, herrumbrada, se movía dificultosamente, con chirridos.
En medio de la oscuridad, brillaban los charcos de la reciente lluvia. Se veía una habitación iluminada, pero el silencio correspondía más bien a una casa sin habitaciones. Bordearon un jardín abandonado, cubierto de yuyos, por una veredita que había al costado de un galería lateral, sostenida por las columnas de hierro. La casa era viejísima, sus ventanas daban a la galería y aún conservaban sus rejas coloniales; las grandes baldosas eran seguramente de aquel tiempo, pues se sentían hundidas, gastadas y rotas.
Se oyó un clarinete: una frase sin estructura musical, lánguida, desarticulada y obsesiva.
-- ¿Y eso? --preguntó Martin.
-- El tío Bebe --explicó Alejandra--, el loco.
Atravesaron un estrecho pasillo entre árboles muy viejos (Martín sentía ahora un intenso perfume de magnolia) y siguieron por un sendero de ladrillos que terminaba en una escalera de caracol.
-- Ahora, ojo. Seguime despacito.
Martín tropezó con algo: un tacho o un cajón.
-- ¡No te dije que andés con ojo! Esperá.
Se detuvo y encendió un fósforo, que protegió con una mano y que acercó a Martín.
-- Pero Alejandra, ¿no hay lámpara por ahí? Digo... algo... en el patio...
Oyó la risa seca y maligna.
-- ¡Lámparas! Vení, colocá tus manos en mis caderas y seguime.
-- Esto es muy bueno para ciegos.
Sintió que Alejandra se detenía como paralizada por una descarga eléctrica.
-- ¿Qué te pasa, Alejandra? --preguntó Martín, alarmado.
-- Nada --respondió con sequedad--, pero haceme el favor de no hablarme nunca de ciegos.
Martín volvió a poner sus manos sobre las caderas y la siguió en medio de la oscuridad. Mientras subían lentamente, con muchas precauciones, la escalera metálica, rota en muchas partes y vacilante en otras por la herrumbre, sentía bajo sus manos, por primera vez, el cuerpo de Alejandra, tan cercano y a la vez remoto y misterioso. Algo, un estremecimiento, una vacilación, expresaron aquella sensación sutil, y entonces ella preguntó qué pasaba y él respodió, con tristeza, "nada". Y cuando llegaron a lo alto, mientras Alejandra intentaba abrir una dificultosa cerradura, dijo "esto es el antiguo Mirador".
-- ¿Mirador?
-- Sí, por aquí no había más que quintas a comienzos del siglo pasado. Aquí venían a pasar los fines de semana los Olmos, los Acevedo...
Se rió.
-- En la época en que los Olmos no eran unos muertos de hambre... y unos locos...
-- ¿Los Acevedo? --preguntó Martín--. ¿Qué Acevedos? ¿El que fue vicepresidente?
-- Sí, esos.
Por fin, con grandes esfuerzos, logró abrir la vieja puerta. Levantó su mano y encendió la luz.
-- Bueno --dijo Martín--, por lo menos acá hay una lámpara. Creí que en esta casa sólo se alumbraban con velas.
-- Oh, no te vayas a creer. Abuelo Pancho no usa más que quinqués. Dice que la electricidad es mala para la vista.
Martín recorrió con su mirada la pieza como si recorriera parte del alma desconocida de Alejandra. El techo no tenía cielo raso y se veían los grandes tirantes de madera. Había una cama turca recubierta con un poncho y un conjunto de muebles que parecían sacados de un remate: de diferentes épocas y estilos, pero todos rotosos y a punto de derrumbarse.
-- Vení, mejor sentate sobre la cama. Acá las sillas son peligrosas.
Sobre una pared había un espejo, casi opaco, del tiempo veneciano, con una pintura en la parte superior. Había también restos de una cómoda y un bargueño. Había también un grabado o litografía mantenido con cuatro chinches en sus puntas.
Alejandra prendió un calentador de alcohol y se puso a hacer café. Mientras se calentaba el agua puso un disco.
-- Escuchá --dijo, abstrayéndose y mirando al techo, mientras chupaba su cigarrillo.
Se oyó una música patética y tumultuosa.
Luego, bruscamente, quitó el disco.
-- Bah --dijo--, ahora no la puedo oír.
Siguió preparando el café.
-- Cuando lo estrenaron, Brahms mismo tocaba el piano. ¿Sabés lo que pasó?
-- No.
-- Lo silbaron. ¿Te das cuenta lo que es la humanidad?
-- Bueno, quizá...
-- ¡Cómo quizá! --gritó Alejandra--, ¿acaso creés que la humanidad no es una pura chanchada?
-- Pero este músico también es la humanidad...
-- Mirá, Martín --comentó mientras echaba el café en la taza-- ésos son los que sufren por el resto. Y el resto son nada más que hinchapelotas, hijos de puta o cretinos, ¿sabés?.
Trajo el café.
Se sentó en el borde de la cama y se quedó pensativa. Luego volvió a poner el disco un minuto.
-- Oí, oí lo que es esto.
Nuevamente se oyeron los compases del primer movimiento.
-- ¿Te das cuenta, Martín, la cantidad de sufrimiento que ha tenido que producirse en el mundo para que haya hecho música así?
Mientras quitaba el disco, comentó:
-- Bárbaro.
Se quedó pensativa, terminando su café. Luego puso el pocillo en el suelo.
En el silencio, de pronto, a través de la ventana abierta, se oyó el clarinete, como si un chico trazase garabatos sobre un papel.
-- ¿Dijiste que está loco?
-- ¿No te das cuenta? Ésta es una familia de locos. ¿Vos sabés quién vivió en ese altillo, durante ochenta años? La niña Escolástica. Vos sabés que antes se estilaba tener algún loco encerrado en alguna pieza del fondo. El Bebe es más bien un loco manso, una especie de opa, y de todos modos nadie puede hacer mal con el clarinete. Escolástica también era una loca mansa. ¿Sabés lo que le pasó? Vení. --Se levantó y fue hasta la litografía que estaba en la pared con cuatro chinches.-- Mirá: son los restos de la legión de Lavalle, en la quebrada de Humahuaca. En ese tordillo va el cuerpo del general. Ése es el coronel Pedernera. El de al lado es Pedro Echagüe. Y ese otro barbudo, a la derecha, es el coronel Acevedo. Bonifacio Acevedo, el tío del abuelo Pancho. A Pancho le decimos abuelo, pero en realidad es bisabuelo.
Siguió mirando.
-- Ese otro es el alférez Celedonio Olmos, el padre de abuelo Pancho, es decir mi tatarabuelo. Bonifacio se tuvo que escapar a Montevideo. Allá se casó con una uruguaya, una oriental, como dice el abuelo, una muchacha que se llamaba Encarnación Flores, y allá nació Escolástica. Mirá qué nombre. Antes de nacer, Bonifacio se unió a la legión y nunca vió a la chica, porque la campaña duró dos años y de ahí, de Humahuaca, pasaron a Bolivia, donde estuvo varios años; también en Chile estuvo un tiempo. En el 52, a comienzos del 52, después de trece años de no ver a su mujer, que vivía aquí en esta quinta, el comandante Bonifacio Acevedo, que estaba en Chile, con otros exiliados, no dió más de tristeza y se vino a Buenos Aires, disfrazado de arriero: se decía que Rosas iba a caer de un momento a otro, que Urquiza entraría a sangre y fuego en Buenos Aires. Pero él no quiso esperar y se largó. Lo denunció alguien, seguro, si no no se explica. Llegó a Buenos Aires y lo pescó la Mazorca. Lo degollaron y pasaron frente a casa, golpearon en la ventana y cuando abrieron tiraron la cabeza a la sala. Encarnación se murió de la impresión y Escolástica se volvió loca. ¡A los pocos días Urquiza entraba en Buenos Aires! Tenés que tener en cuenta que Escolástica se había criado sintiendo hablar de su padre y mirando su retrato.
De un cajón de la cómoda sacó una miniatura, en colores.
-- Cuando era teniente de coraceros, en la campaña del Brasil.
Su brillante uniforme, su juventud, su gracia, contrastaban con la figura barbuda y destrozada de la vieja litografía.
-- La Mazorca estaba enardecida por el pronunciamiento de Urquiza. ¿Sabés lo que hizo Escolástica? La madre se desmayó, pero ella se apoderó de la cabeza de su padre y corrió hasta aquí. Aquí se encerró con la cabeza del padre desde aquel año hasta su muerte, en 1932.
-- ¡En 1932!
-- Sí, en 1932. Vivió ochenta años, aquí, encerrada con su cabeza. Aquí había que traerle la comida y sacarle todos los desperdicios. Nunca salió ni quiso salir. Otra cosa: con esa astucia que tienen los locos, había escondido la cabeza de su padre, de modo que nadie nunca la pudo sacar. Claro, la habrían podido encontrar de haberse hecho una búsqueda, pero ella se ponía frenética y no había forma de engañarla. "Tengo que sacar algo de la cómoda", le decían. Pero no había nada que hacer. Y nadie nunca pudo sacar nada de la cómoda, ni del bargueño, ni de la petaca esa. Y hasta que murió en 1932, todo quedó como había estado en 1852. ¿Lo creés?
-- Parece imposible.
-- Es rigurosamente histórico. Yo también pregunté muchas veces, ¿cómo comía? ¿Cómo limpiaban la pieza? Le llevaban la comida y lograban mantener un mínimo de limpieza. Escolástica era una loca mansa e incluso hablaba normalmente sobre casi todo, excepto sobre su padre y sobre la cabeza. Durante los ochenta años que estuvo encerrada nunca, por ejemplo, habló de su padre como si hubiese muerto. Hablaba en presente, quiero decir, como si estuviese en 1852 y como si tuviera doce años y como si su padre estuviese en Chile y fuese a venir de un momento a otro. Era una vieja tranquila. Pero su vida y hasta su lenguaje se habían detenido en 1852 y como si Rosas estuviera todavía en el poder. "Cuando ese hombre caiga", decía señalando con su cabeza hacia afuera, hacia donde había tranvías eléctricos y gobernaba Yrigoyen. Parece que su realidad tenía grandes regiones huecas o quizá como encerradas también con llave, y daba rodeos astutos como los de un chico para evitar hablar de esas cosas, como si no hablando de ellas no existiesen y por lo tanto tampoco existiese la muerte de su padre. Había abolido todo lo que estaba unido al degüello de Bonifacio Acevedo.
-- ¿Y qué pasó con la cabeza?
-- En 1932 murió Escolástica y por fin pudieron revisar la cómoda y la petaca del comandante. Estaba envuelta en trapos (parece que la vieja la sacaba todas las noches y la colocaba sobre el bargueño y se pasaba las horas mirándola o quizá dormía con la cabeza allí, como un florero). Estaba momificada y achicada, claro. Y así ha permanecido.
-- ¿Cómo?
-- Y por supuesto, ¿qué querés que se hiciera con la cabeza? ¿Qué se hace con una cabeza en semejante situación?
-- Bueno, no sé. Toda esta historia es tan absurda, no sé.
-- Y sobre todo tené presente lo que es mi familia, quiero decir los Olmos, no los Acevedo.
-- ¿Qué es tu familia?
-- ¿Todavía necesitás preguntarlo? ¿No lo oís al tío Bebe tocando el clarinete? ¿No ves dónde vivimos? Decíme, ¿sabés de alguien que tenga apellido en este país y que viva en Barracas, entre conventillos y fábricas? Comprenderás que con la cabeza no podía pasar nada normal, aparte de que nada de lo que pase con una cabeza sin el cuerpo correspondiente puede ser normal.
-- ¿Y entonces?
-- Pues muy simple: la cabeza quedó en casa.
Martín se sobresaltó.
-- ¿Qué, te impresiona? ¿Qué otra cosa se podía hacer? ¿Hacer un cajoncito y un entierro chiquito para la cabeza?
Martín se rió nerviosamente, pero Alejandra permanecía seria.
-- ¿Y dónde la tienen?
-- La tiene el abuelo Pancho, abajo, en una caja de sombreros. ¿Querés verla?
-- ¡Por amor de Dios! --exclamó Martín.
-- ¿Qué tiene? Es una hermosa cabeza, y te diré que me hace bien verla de vez en cuando, en medio de tanta basura. Aquéllos al menos eran hombres de verdad y se jugaban la vida por lo que creían. Te doy el dato que casi toda mi familia ha sido unitaria o lomos negros, pero que ni Fernando ni yo lo somos.
-- ¿Fernando? ¿Quién es Fernando?
Alejandra se quedó repentinamente callada, como si hubiese dicho algo de más.
Martín se quedó sorprendido. Tuvo la sensación de que Alejandra había dicho algo involuntario. Se había levantado, había ido hasta la mesita donde tenía el calentador y había puesto agua a calentar, mientras encendía un cigarrillo. Luego se asomó a la ventana.
-- Vení --dijo, saliendo.
Martín la siguió. La noche era intensa y luminosa. Alejandra caminó por la terraza hacia la parte de adelante y luego se apoyó en la balaustrada.
-- Antes --dijo-- se veía desde aquí la llegada de los barcos al Riachuelo.
-- Y ahora, ¿quién vive aquí?
-- ¿Aquí? Bueno, de la quinta no queda casi nada. Antes era una manzana. Después empezaron a vender. Ahí están esa fábrica y esos galpones, todo eso pertenecía a la quinta. De aquí, de este otro lado hay conventillos. Toda la parte de atrás de la casa también se vendió. Y esto que queda está todo hipotecado y en cualquier momento lo rematan.
-- ¿Y no te da pena?
Alejandra se encogió de hombros.
-- No sé, tal vez lo siento por el Abuelo. Vive en el pasado, y se va a morir sin entender lo que ha sucedido en este país. ¿Sabés lo que pasa con el viejo? Pasa que no sabe lo que es la porquería, ¿entendés? Y ahora no tiene ni tiempo ni talento para llegar a saberlo. No sé si es mejor o es peor. La otra vez nos iban poner bando de remate y tuve que ir a verlo a Molinari para que arreglara el asunto.
-- ¿Molinari?
Martín volvía a oír ese nombre por segunda vez.
-- Sí, una especie de animal mitológico. Como si un chancho dirigiese una sociedad anónima.
Martín la miró y Alejandra añadió, sonriendo:
-- Tenemos cierto género de vinculación. Te imaginás que si ponen la bandera de remate el viejo se muere.
-- ¿Tu padre?
-- Pero no, hombre: el abuelo.
-- ¿Y tu padre no se preocupa del problema?
Alejandra lo miró con una expresión que podría ser la mueca de un explorador a quien se le pregunta si en el Amazonas está muy desarrollada la industria automovilística.
-- Tu padre --insistió Martín, de puro tímido que era, porque precisamente sentía que había dicho un disparate (aunque no sabía por qué) y que era mejor no insistir.
-- Mi padre nunca está aquí --se limitó a aclarar Alejandra, con una voz que era distinta.
Martín, como los que aprenden a andar en bicicleta y tienen que seguir adelante para no caerse y que, gran misterio, terminan siempre por irse contra un árbol o cualquier otro obstáculo, preguntó:
-- ¿Vive en otra parte?
-- ¡Te acabo de decir que no vive acá!
Martín enrojeció.
Alejandra fue hacia el otro extremo de la terraza y permaneció allá un buen tiempo. Luego volvió y se acodó sobre la balaustrada, cerca de Martín.
-- Mi madre murió cuando yo tenía cinco años. Y cuando tuve once lo encontré a mi padre aquí con una mujer. Pero ahora pienso que vivía con ella mucho antes que mi madre muriese.
Con una risa que se parecía a una risa normal como un criminal jorobado puede parecerse a un hombre sano agregó:
-- En la misma cama donde yo duermo ahora.
Encendió un cigarrillo y a la luz del encendedor Martín pudo ver que en su cara quedaban restos de la risa anterior, el cadáver maloliente del jorobado.
Luego, en la oscuridad, veía como el cigarrillo de Alejandra se encendía con las profundas aspiraciones que ella hacía: fumaba, chupaba el cigarrillo con una avidez ansiosa y concentrada.
-- Entonces me escapé de mi casa --dijo.